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DVDS
Marilyn oscila entre o drama e a comédia
Pacote reunindo três DVDs traz a estréia da lendária atriz em papéis dramáticos
CRÍTICO DA FOLHA
O que teria em mente Daniel
Taradash em 1952 ao escrever o roteiro de "Almas Desesperadas"? O primeiro filme dramático de Marilyn Monroe parece, no
entanto, captar muito bem o desequilíbrio de que a estrela era vítima e que, afinal, resultaria no
seu suicídio em 1962.
Nesse suspense de orçamento
modesto, ela faz Nell, jovem recém-saída de uma instituição psiquiátrica que, ao encontrar um
piloto de avião (Richard Widmark), acredita estar diante de
seu noivo, piloto, morto anos antes num desastre no Pacífico.
Quando isso acontece, ela é
"babysitter" de uma garota em
um hotel de Nova York e acredita
que a menina está ali exclusivamente para atrapalhar o reencontro com o suposto noivo.
O papel é espeto, pois Marilyn
tem de interpretar não propriamente uma psicopata, mas uma
limítrofe, oscilando entre sanidade e insanidade. Também sua
atuação é um tanto instável neste
filme de Roy Ward Baker.
Nos momentos-chave deste
suspense, quando ela coloca a vida de outras pessoas em perigo,
Marilyn se sai muito bem, conseguindo alternar um jeito angelical
e diabólico. Outro aspecto não desimportante do filme é Anne Bancroft ter feito sua estréia nele, já
com uma presença de dar inveja.
Em "O Inventor da Mocidade",
Marilyn é coadjuvante e faz a secretária sapeca de um velho industrial do ramo farmacêutico,
empenhado, por razões tanto comerciais quanto pessoais, em encontrar a fórmula da juventude.
As honras do estrelato cabem
aqui a Cary Grant, o gênio encarregado de criar a fórmula, e Ginger Rogers, sua mulher. O melhor
momento de Marilyn é quando,
tendo Cary tomado a fórmula,
volta à juventude para fazer estrepolias em companhia da secretária, falsa ingênua, que parece nada
fazer para ser tão sensual, mas está fazendo tudo.
Embora Howard Hawks, o diretor do filme (que a dirigiria novamente em "Os Homens Preferem
as Loiras"), não se interessasse em
nada por ela, Marilyn já mostra
aqui os dotes de comediante que a
consagrariam em seguida. E o filme vale por ser uma das melhores
comédias dos anos 50 e, seguramente, um dos mais profundos
filmes já feitos tendo como tema o
envelhecimento.
Em "Nunca Fui Santa", de 1956,
quem está em cena é já o mito Marilyn. Ela interpreta uma corista
de Phoenix, Arizona, a quem um
vaqueiro chucro, porém de bom
coração, tenta convencer a se casar com ele e morar em seu sítio.
O diretor Joshua Logan errou
aqui o tom de seu ator principal,
Don Murray. Em vez de parecer
um chato a ela, seu comportamento exagerado acaba por torná-lo insuportável também a
quem vê o filme.
Como ocorre com freqüência,
este é o filme "de prestígio" do lote, mas também o que mais sofreu
com o tempo. O vaqueiro que
pretende tratar mulheres como
trata novilhos é um personagem
ultrapassado. Marilyn faz a mundana ingênua e de alma boa.
Os três filmes foram objeto de
restauro e, nesse item, "Nunca Fui
Santa", colorido e em cinemascope, se deu bem. "O Inventor da
Mocidade", ao contrário, ganhou
contrastes dignos de filme policial. É muito mais agradável vê-lo
na cópia que a TV a cabo exibia há
algum tempo. No mais, a Fox economizou o que pôde em extras.
(INÁCIO ARAUJO)
O Inventor da Mocidade
Filme:
0
Cópia:°
Nunca Fui Santa
Almas Desesperadas
Distribuidora: Fox
Quanto: R$ 35, em média, cada um
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