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Erasmo canta duetos e relata sua vida em livro
Para não se influenciar, cantor não leu biografia que o "Rei" tirou de circulação
Tremendão faz show ao lado do Clube do Balanço hoje, à meia-noite, dentro da Virada Cultural; CD reúne de Chico Buarque a Los Hermanos
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Erasmo Carlos, 65, não opina
sobre a bem-sucedida luta do
parceiro musical Roberto Carlos para tirar de circulação a
biografia "Em Detalhes", escrita por Paulo Cesar de Araújo.
Motivo alegado: não a leu. E
não leu, segundo explica, porque não quer ser influenciado
ao escrever seu próprio livro,
tarefa iniciada em 2006 e sem
data para acabar.
"Não é autobiografia. São casos interessantes ou engraçados, situações que vivi com
meia MPB e com minha família. Estou escrevendo de memória. Não quero que digam
que copiei nada", afirma ele,
definindo-se: "Uns vivem a vida
e outros observam. Sou dos que
observam".
Cópias e comparações são
coisas que o Tremendão tenta
evitar. Foi por isso, diz, que não
chamou para os duetos de
"Erasmo Carlos Convida - Volume 2", CD que está lançando,
ninguém que tenha participado
do volume 1, feito há 27 anos
-nem mesmo Roberto.
"Não é disco de aproveitador,
oportunista. Há muito tempo
quero fazer. Algumas gravadoras queriam matar tudo em
dois dias, gravar CD e DVD
num show, fazer rápido e barato. Não aceitei", diz ele, que levou oito meses para realizar o
trabalho. "Eu fujo da rapidez.
Esse mundo moderno não me
pega. Caminho no meu passo."
Alguns convidados de agora,
como os rapazes do Skank e do
Los Hermanos, eram crianças
em 1980. Mas Chico Buarque,
por exemplo, ficou de fora da
primeira edição -possivelmente por motivos de agenda,
diz Erasmo- e agora divide
"Olha". "Há um estilo de música romântica que não é o meu.
Roberto grava, mas não é o meu
estilo. Quando eu faço a melodia, sai diferente. Mas nesse
disco justifica, porque o convidado escolheu. E sugeri o clima
de bossa nova [para "Olha']."
"Emoções", tão associada ao
"Rei", é outra que Erasmo diz
que dificilmente gravaria se
não fosse um projeto de duetos.
"É uma música para grandes
cantores. Ela me remete a "New
York, New York". Entrei na aba
do Milton [Nascimento]."
No CD há samba-rock ("Coqueiro Verde", com Lulu Santos), samba ("Cama e Mesa",
com Zeca Pagodinho), rock
("Ilegal, Imoral ou Engorda",
com Adriana Calcanhotto), balada melosa ("Tema de Não
Quero Ver Você Triste", com
Marisa Monte), prelúdio ("De
Tanto Amor", com Djavan),
bossa nova com efeitos contemporâneos ("Pão de Açúcar",
com Os Cariocas)...
"Eu sou essa mistura. Gosto
de tudo um pouco", resume.
Erasmo na Virada
Hoje, à meia-noite, no Boulevard São João/Anhagabaú, em
São Paulo, Erasmo mostrará
seu lado samba-rock participando do show do Clube do Balanço dentro da Virada Cultural. "Coqueiro Verde", "O Comilão", "Além do Horizonte" e
"De Noite na Cama" estão entre as músicas previstas.
Com Marisa Monte, Marcelo
Camelo e outros, Erasmo vem
renovando suas parcerias. Ao
lado de Roberto, a produção diminuiu. "As músicas de amor,
mais sinceras, ele prefere não
dividir, nem comigo. Eu compreendo e tenho que tocar minha vida. Mas em breve vamos
fazer algumas", diz ele, que fala
sem teorizar sobre a importância da parceria dos Carlos.
"Sempre estivemos muito
próximos do pensamento brasileiro, da simplicidade do povo
brasileiro. Mesmo as nossas
canções mais rebuscadas são
simples. Não queira ser o que
não pode", diz ele.
O que Erasmo diz querer ser
é, sobretudo, um compositor,
passando a fazer shows só com
sua produção, incluindo os lados B da obra. "Quero curtir as
coisas que fiz, cantar até "Meu
Nome É Gal'", brinca ele, negando que isto seja para logo.
Afinal, ele não tem pressa: "É só
para daqui a 150 anos, quando a
minha tartaruga crescer".
ERASMO CARLOS CONVIDA - VOLUME 2
Artista: Erasmo Carlos
Lançamento: Indie Records
Quanto: R$ 26, em média
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