São Paulo, segunda-feira, 05 de maio de 2008

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"Living Legends" é novo meio para atrair público

YouTube lança programa em que usuários fazem perguntas a astros como os Stones

Segundo diretor do site, repassar receita vinda de anúncios para autores de vídeos de sucesso já é um experimento bem-sucedido

Damiain Dovarganes - 1.ago.07/ Associated Press
A atriz Alexandra Dreyfus, do canal LonelyGirl15, que virou parceiro do YouTube


RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL

Do alto de seus 82 anos, a rainha Elizabeth 2ª dificilmente saberia que iniciativas como a sua, de criar um "canal real" dentro do YouTube (www. youtube.com) para falar aos súditos britânicos, ajudam o site de vídeos a pensar como dialogar com o público.
Canais virtuais como o Royal Channel inspiraram o site, por exemplo, a bolar o recém-lançado "Living Legends" (www. youtube.com/livinglegends), programa no qual políticos e artistas se propõem a responder às perguntas mais capciosas dos internautas.
Assim Chris di Cesare, diretor mundial de marketing e comunidade do YouTube, explica as experimentações do "laboratório" que é a página desde sua criação, em fevereiro de 2005, por três funcionários de um serviço de pagamentos on-line.
"O YouTube, existindo há apenas três anos, está olhando para essa espécie de comunidade [os usuários] como algo central para o seu crescimento", diz Cesare, 43, à Folha, por telefone, da sede da empresa em San Bruno, na Califórnia.
Sem modelos prévios para seguir, o site de compartilhamento de vídeos precisa continuamente testar fórmulas para envolver o público e, claro, faturar. Não há dúvidas de que seja o maior fenômeno da internet nos últimos anos, mas, recentemente, Eric Schmidt, CEO do Google (empresa que comprou o site em 2006), admitiu à rede de TV americana CNBC: "Não acho que tenhamos descoberto a solução sobre como fazer dinheiro [com o YouTube]".

Jagger e Richards
Assim como os recentes concursos YouTube Awards e Project Direct, o "Living Legends" (lendas vivas) faz parte do esforço para estimular a produção por parte do usuário, que alimenta de vídeos a página.
Desde o começo de abril, Mick Jagger e Keith Richards incitam os internautas a enviar suas "perguntas apimentadas" (os vídeo-respostas dos dois Rolling Stones, previstos para o começo de maio, ainda não estavam disponíveis no sábado).
"É uma situação em que todos ganham. Os artistas inspiram a comunidade [o termo é usado 14 vezes na entrevista] e ouvem o que ela tem a dizer. Há ainda respostas alternativas. Alguns usuários passaram a publicar vídeos com covers dos Stones", exemplifica.
O programa, avalia Cesare, abre um espaço de interação com artistas de uma maneira como o público não está acostumado. (Interação e ousadia, em alguns casos. Uma internauta, usando microtop e microssaia, questiona: "Quando Brian Jones foi convidado a sair dos Stones, o argumento foi que ele usava drogas demais. Quanta droga é preciso usar para ser chutado dos Stones?".)
Das "centenas de vídeos" recebidos, apenas dez terão resposta. É concorrido para o internauta, mas igualmente difícil para um artista caber nos severos critérios de uma "lenda viva". O grupo Smashing Pumpkins, por exemplo, que no YouTube dos Estados Unidos teve um programa de perguntas e respostas similar a esse, desta vez ficaria de fora.
"Uma lenda viva precisa ter apelo no mundo todo. E ser um líder em seu meio, seja na música, seja na política, seja no cinema", explica. O próximo a participar, para manter o padrão, é o cineasta Steven Spielberg.

Parcerias
Desde meados do ano passado, o YouTube passou a sinalizar aos internautas com uma "recompensa" (maior que a eventual fama) por conteúdo colocado no site. A empresa criou um programa de parceria no qual os usuários mais prolíficos e com vídeos mais populares podem embolsar parcelas de ganhos com anúncios ligados a suas produções.
Os participantes chegam "à casa dos milhares", segundo o Google, e mais de US$ 1 milhão já teria sido distribuído. No Brasil, as parcerias começam em breve (leia ao lado).
"Pegue algo como o LonelyGirl15 [série on-line que surgiu como um diário de adolescente e virou hit absoluto, mesmo após a descoberta de que aquela menina sofrida era uma atriz profissional]. Esse é o tipo de parceria interessante. O conteúdo que eles criaram ajudou a trazer audiência para o YouTube como um todo", diz.

Concorrência
Dividido entre parcerias com redes como a britânica BBC (que disponibiliza seu conteúdo on-line) e encontros pouco amistosos nos tribunais com gigantes do entretenimento como a Viacom (dona da MTV, da Nickelodeon e da Paramount, que pede a retirada de vídeos do ar), o site não tem nenhum concorrente que o ameace. Uma pesquisa nos EUA mostrou que um terço do total de acessos a vídeos on-line no país é direcionada ao YouTube -só em fevereiro, a página teve 3,5 bilhões de visualizações de vídeos.
Por isso, o Hulu.com, site que a NBC Universal e a News Corp (proprietária da Fox) estão pondo no ar, não preocupa. "Nosso público não busca longa-metragens nem programas completos de TV, mas sim vídeos curtos que o entretenha. Clipes ou vídeos de usuários são o nosso foco", diz Cesare.


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