São Paulo, quarta-feira, 05 de maio de 2010

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Crítica

Olhar viciado ofusca real aparência em "Frenesi"

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

A polícia dos filmes do diretor inglês Alfred Hitchcock não é, na verdade, muito diferente da polícia da vida real. Ambas se apoiam nas aparências: aquilo que se chama de indícios ou evidências.
No caso de "Frenesi" (TC Cult, 23h55; 18 anos), o filme todo se estrutura sobre esse equívoco.
Um homem é acusado de matar a ex-mulher, dona de uma agência matrimonial. Indícios: ele esteve na agência dela, alguém ouviu uma discussão entre o casal, eles são divorciados etc. Seria esse um crime passional?
Só a mulher do investigador do caso duvida que esses indícios tenham alguma relação com a verdade. Por quê? Porque o marido não foi às verdadeiras aparências, mas apenas àquelas que o hábito e a psicologia rasteira consagraram. Ela mostrará o caminho ao cônjuge, deliciosamente.
O central, porém, é que Hitch se detém, neste longa-metragem de 1972, sobre o que é o cinema (em sua nada desprezível visão): a arte de substituir o hábito do olhar pela real observação das aparências.


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