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EXPOSIÇÃO - RIO
Morros recebem arte de Jenny Holzer
CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio
Quando as luzes do morro da Urca (zona sul do Rio) se apagarem
na sexta-feira à noite e surgirem
em sua encosta frases como "Dentre todos, as crianças são os mais
cruéis", o público carioca terá contato com a arte de Jenny Holzer, 48.
Holzer traz pela primeira vez seu
trabalho ao Rio e, para não restringi-lo ao público do CCBB (Centro
Cultural Banco do Brasil, no centro), onde sua obra será tema de
uma exposição, vai repetir na cidade as projeções em locais públicos,
marca de seu trabalho.
A obra de Holzer baseia-se em
um princípio simples para criar
um sofisticado trabalho sensorial:
frases escritas pela artista são
transmitidas por letreiros eletrônicos. Em alguns dos trabalhos, as
frases são acompanhadas pela exibição de objetos. "A exibição contínua das frases, em ritmos e sequências alternados, nos puxa para dentro do trabalho", explica.
No início dos anos 70, Holzer era
uma pintora dedicada a temas abstratos, quando frases começaram a
surgir em suas telas.
As frases deram forma à série
"Truísmos", escrita entre 1977 e
1979. As frases - como "A propriedade privada criou o crime"-
foram impressas em pôsteres e espalhadas por Manhattan.
Mas a descoberta de Jenny Holzer pelo público aconteceu quando
ela conseguiu levar suas frases para
os gigantescos letreiros eletrônicos
de Times Square, em 1982.
"A série foi feita com a intenção
de soar como um clichê. Queria
descobrir no que as pessoas acreditam e por que acreditam. Acho
que os clichês são miniaturas de
posicionamentos ideológicos."
Em "Inflammatory Essays", que
seguiu "Truísmos", a artista se inspirou em textos de Lênin, Mao
Tsé-Tung, Hitler e Trotski. "Os clichês ficaram de lado. Tentei usar
uma linguagem mais forte, escrevendo sobre assuntos não falados
normalmente na sociedade."
A violência contra a mulher é o
tema de outra série. "Lustmord"
(assassinato sexual em alemão)
descreve as atrocidades cometidas
contra as mulheres na Guerra da
Bósnia. "Há momentos nos quais
escrevo sobre conflitos específicos,
como o da Iugoslávia, mas, quando falo sobre os crimes terríveis
que acontecem com as mulheres,
são textos sobre algo que acontece
a toda hora e em todo lugar."
Para a mostra no Rio, chamada
"Proteja-Me do Que Eu Quero",
Holzer trouxe as instalações "Lustmord", "Mother and Child" e
"Toaster". A exposição será inaugurada hoje para convidados.
Amanhã, estará aberta ao público.
As projeções em locais públicos
do Rio começam na sexta às 19h.
Um barco fará as projeções sobre o
morro da Urca, seguindo depois
para o Forte de Copacabana e para
as ilhas Cagarras. No sábado a projeção será feita na pedra do Leme e
no Arpoador e, no domingo, sobre
o morro Dois Irmãos.
Exposição: Proteja-Me do Que Eu Quero, da
artista plástica Jenny Holzer
Onde: CCBB (r. Primeiro de Março, 66,
centro, tel. 021/216-0237)
Quando: até dia 4 de julho. De terça a
domingo, das 12h às 20h
Quanto: entrada franca
O colunista
José Simão está em férias.
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