São Paulo, Quarta-feira, 05 de Maio de 1999
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EXPOSIÇÃO - RIO
Morros recebem arte de Jenny Holzer

CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio

Quando as luzes do morro da Urca (zona sul do Rio) se apagarem na sexta-feira à noite e surgirem em sua encosta frases como "Dentre todos, as crianças são os mais cruéis", o público carioca terá contato com a arte de Jenny Holzer, 48.
Holzer traz pela primeira vez seu trabalho ao Rio e, para não restringi-lo ao público do CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil, no centro), onde sua obra será tema de uma exposição, vai repetir na cidade as projeções em locais públicos, marca de seu trabalho.
A obra de Holzer baseia-se em um princípio simples para criar um sofisticado trabalho sensorial: frases escritas pela artista são transmitidas por letreiros eletrônicos. Em alguns dos trabalhos, as frases são acompanhadas pela exibição de objetos. "A exibição contínua das frases, em ritmos e sequências alternados, nos puxa para dentro do trabalho", explica.
No início dos anos 70, Holzer era uma pintora dedicada a temas abstratos, quando frases começaram a surgir em suas telas.
As frases deram forma à série "Truísmos", escrita entre 1977 e 1979. As frases - como "A propriedade privada criou o crime"- foram impressas em pôsteres e espalhadas por Manhattan.
Mas a descoberta de Jenny Holzer pelo público aconteceu quando ela conseguiu levar suas frases para os gigantescos letreiros eletrônicos de Times Square, em 1982.
"A série foi feita com a intenção de soar como um clichê. Queria descobrir no que as pessoas acreditam e por que acreditam. Acho que os clichês são miniaturas de posicionamentos ideológicos."
Em "Inflammatory Essays", que seguiu "Truísmos", a artista se inspirou em textos de Lênin, Mao Tsé-Tung, Hitler e Trotski. "Os clichês ficaram de lado. Tentei usar uma linguagem mais forte, escrevendo sobre assuntos não falados normalmente na sociedade."
A violência contra a mulher é o tema de outra série. "Lustmord" (assassinato sexual em alemão) descreve as atrocidades cometidas contra as mulheres na Guerra da Bósnia. "Há momentos nos quais escrevo sobre conflitos específicos, como o da Iugoslávia, mas, quando falo sobre os crimes terríveis que acontecem com as mulheres, são textos sobre algo que acontece a toda hora e em todo lugar."
Para a mostra no Rio, chamada "Proteja-Me do Que Eu Quero", Holzer trouxe as instalações "Lustmord", "Mother and Child" e "Toaster". A exposição será inaugurada hoje para convidados. Amanhã, estará aberta ao público.
As projeções em locais públicos do Rio começam na sexta às 19h. Um barco fará as projeções sobre o morro da Urca, seguindo depois para o Forte de Copacabana e para as ilhas Cagarras. No sábado a projeção será feita na pedra do Leme e no Arpoador e, no domingo, sobre o morro Dois Irmãos.

Exposição: Proteja-Me do Que Eu Quero, da artista plástica Jenny Holzer Onde: CCBB (r. Primeiro de Março, 66, centro, tel. 021/216-0237) Quando: até dia 4 de julho. De terça a domingo, das 12h às 20h Quanto: entrada franca


O colunista José Simão está em férias.


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