|
Texto Anterior | Índice
Tramas da história
Pinacoteca apresenta mostra com 26 peças da "Arte da Tapeçaria"
ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO
De múltiplas histórias e dupla
função, a tapeçaria se moldou
principalmente aos cômodos largos da nobreza européia, contando feitos heróicos humanos ou
mitológicos, dando forma e calor
a temas religiosos ou retratando
cenas de campanha que agradavam a quem podia pagar por elas.
Vindos do Petit Palais, em Paris,
26 exemplares da "Arte da Tapeçaria", produzidos entre os séculos 15 e 18, podem ser vistos a partir de hoje na Pinacoteca do Estado, em SP, e, além de narrar feitos
alheios, têm sua própria carga de
histórias para contar.
A peça mais antiga da coleção,
"História de Alexandre e Nicolau" (c. 1480), justapõe seus personagens para ilustrar a batalha
entre Alexandre, o Grande, e Nicolau, rei da Cesaréia.
Lado a lado, as cenas, inspiradas
em iluminuras do manuscrito
"Fatos e Conquistas de Alexandre, o Grande", também do século 15, narram desde a gênese da
batalha até a morte de Nicolau,
em pouco mais de oito metros de
comprimento.
A partir do século seguinte,
acompanhando os movimentos
da pintura, as tapeçarias ganham
profundidade e paisagens mais
complexas. A influência da pintura também faz a tapeçaria emular
a moldura através de uma ornamentação na borda da peça.
"Através das cenas e paisagens,
as paredes pareciam quase abolidas. As tapeçarias serviam ao
aquecimento dos ambientes e
também ao deleite das pessoas
que ali ficavam, por transportá-las a outros mundos", diz Gilles
Chazal, diretor do Petit Palais e
curador da exposição.
Produzidas a partir de cartões
freqüentemente desenhados a
partir de obras de grandes pintores, as tapeçarias podem existir
em diversas versões, como ocorre
com "Ulisses Matando Javali no
Monte Parnaso", tecida por volta
de 1600. No Museu do Louvre, o
"Mês de Dezembro" da série "Caçadas de Maximiliano" traz o
mesmo tema tecido entre 1531 e
1533, com modelos de Bernard
van Orley. "Ulisses" tem seus cartões atribuídos a Michel Coxcie,
discípulo de Van Orley. Outra tapeçaria do mesmo tema, de 1650,
está no Palácio Real de Madri.
A série "História de Moisés",
produzida na mais célebre das
manufaturas, Gobelins, fundada
por Luís 14, aparece na mostra
através de peças do início do século 18, "A Sarça Ardente" e "Serpente de Bronze", que tiveram como modelos obras pintadas por
Charles le Brun (1619-1690).
Além dos episódios da "História de Moisés", as tapeçarias religiosas também são representadas
por "Degolação de São Protásio"
(1655), parte de uma série de seis
peças que a igreja de são Gervásio
e são Protásio, em Paris, encomendou, em 1651, à manufatura
das galerias do palácio do Louvre.
No século 18, as cores ganharam
variedade e as dimensões foram
encolhidas, refletindo os espaços
menores em que deveriam ser encaixadas as tapeçarias. É também
a época em que os temas camponeses fortemente idealizados passam a predominar, como nos curiosos e algo folclóricos "Jogos
Russos", de Le Prince.
A mostra guarda espaço para
um Gobelins, de coleção particular, feito a partir de um índio brasileiro de Albert Eckout.
A ARTE DA TAPEÇARIA. Onde:
Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2, SP,
tel. 0/xx/11/ 229-9844). Quando: hoje,
das 11h às 14h; de ter. a dom., das 10h às
17h30; até 25/7. Quanto: R$ 4 (grátis aos
sábados). Patrocinador: Renault.
Texto Anterior: Festival: Sinfonia de Cães promove reunião underground Índice
|