São Paulo, terça-feira, 05 de junho de 2007

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Gisele defende camisinha e direito ao aborto

"Sou a favor de a mulher fazer o que deseja de seu corpo", argumenta a modelo, que desfila hoje no Fashion Rio

Recém-chegada de Nova York, top afirma que governo Bush foi "péssimo" para os EUA e que a era das supermodelos acabou


ALCINO LEITE NETO
VIVIAN WHITEMAN
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

A megatop Gisele Bündchen desembarcou ontem à tarde no Rio, vinda de Nova York, e foi para os estúdios onde iria fazer as fotos da nova campanha da Colcci, grife da qual é modelo exclusiva no Brasil. Morta de fome, pediu que, antes de mais nada, ela pudesse almoçar. Um farto bufê a esperava no estúdio. Gisele, 27 anos, 1,80 m, 58 kg, fez então um megaprato, fartando-se de carne-de-sol desfiada, arroz, feijão preto, lombo de porco, purê de mandioquinha e um pouco de salada. Ao final, como sobremesa, comeu dois generosos pedaços de torta de chocolate. "Meu segredo para manter a forma é que sou muito esportiva", conta Gisele na entrevista a seguir, na qual diz que o governo George W. Bush foi "péssimo" para os EUA e que a era das supermodelos acabou. Ela também defende o aborto e a camisinha. "A mulher deve ter o direito de decidir o que é melhor para ela", afirma. Gisele é a estrela do desfile da Colcci, que acontece hoje no Fashion Rio. Nos próximos meses, ela será destaque em três revistas: a "Vanity Fair", a "W" e a "Vogue" francesa.

 

FOLHA - Você sempre come tanto assim?
GISELE BÜNDCHEN -
Gente, depois de tantas horas de avião, eu mereço dois pedaços de torta de chocolate, não acha?

FOLHA - Mas como você faz para ficar tão em forma?
GISELE -
Eu sou muito atlética. Faço ioga às vezes duas, três vezes por semana, quando minha agenda permite. Jogo vôlei em Nova York com minhas amigas. Parei de fumar há três anos. E costumava correr, mas não corro mais, pois caí na rua em Nova York, voltando do supermercado com várias sacolas na mão, e machuquei o joelho. O segredo então é o seguinte: se você quer comer, tem que fazer esporte também. Não existe ser humano que vai ficar com o corpo bom sem malhar.

FOLHA - O Brasil está discutindo muito o aborto ultimamente. Qual é a sua posição a respeito?
GISELE -
Sou a favor de a mulher fazer o que deseja de seu corpo. Fui a uma exposição em Nova York que mostrava o interior do corpo humano e também as fases da gravidez. Até quatro meses de gravidez, não existe quase nada. É como um grãozinho. Portanto, acho que a mulher deve ter direito de decidir o que é melhor. Se ela acha que não tem dinheiro ou condição emocional para criar uma criança, como pode dar à luz? É claro que a prevenção é a melhor coisa, mas existem situações que escapam ao controle.

FOLHA - A Igreja Católica é a principal opositora do aborto no Brasil, bem como do uso de camisinha...
GISELE -
Proibir camisinha é ridículo, basta pensar nas várias doenças que são transmitidas sem ela. Quando a igreja fez suas leis, milhões de anos atrás, a mulher era virgem, o cara era virgem... Hoje em dia, ninguém mais casa virgem. Me mostra uma pessoa que seja virgem! Acho que é obrigatório usar camisinha. Como é possível não querer que se use camisinha e que também não se faça aborto? É impossível, desculpa.

FOLHA - Já que falamos em casamento, você não vai se casar?
GISELE -
Vou, um dia. O dia em que eu souber quando, te conto.

FOLHA - Li que seu namorado [o jogador de futebol americano Tom Brady] é simpatizante do Partido Republicano e que pensa em ser político. Vocês conversam sobre política?
GISELE -
Ele nunca me falou sobre isso, e não gostaria de falar sobre ele agora.

FOLHA - Nos EUA, você se sente mais próxima dos republicanos ou dos democratas?
GISELE -
Prefiro não falar de política também. Eu tenho minhas idéias a respeito... Acho que o importante em política é ser honesto, independentemente de sua posição.

FOLHA - Você está há muito tempo nos EUA. Na sua opinião, o governo George W. Bush foi bom para o país?
GISELE -
Não, foi péssimo. Basta olhar o que está acontecendo hoje em dia por causa dele, como tanta gente passou a odiar os Estados Unidos.

FOLHA - Uma brasileira quase ganhou o concurso de Miss Universo. Você não acha que esses concursos são um tanto antiquados?
GISELE -
Acho antigo, mas talvez para algumas pessoas isso faça sentido. O que faz uma miss? Juro que não sei. Nunca me passou pela cabeça ser miss. Miss é apenas um título, ser modelo é exercer um trabalho, são coisas muito diferentes.

FOLHA - Você não pensa em voltar a desfilar com mais freqüência?
GISELE -
Não. Desfilo no Brasil porque é o meu país e porque as semanas de moda estão crescendo por aqui, ganhando cada vez mais visibilidade lá fora. Desfilar é apenas uma fase na carreira de uma modelo. Além disso, acho que a energia dos desfiles mudou muito. Atualmente, é bem mais difícil uma modelo conseguir chegar a um certo patamar. Penso que acabou a era das supermodelos. E olha que tem brasileiras maravilhosas trabalhando, como a Raquel Zimmermann, Carol Trentini, Isabeli Fontana...

FOLHA - Há algum tempo, sites na internet espalharam que você estaria grávida. É verdade?
GISELE -
Supergrávida (ri, levanta a blusa e dá palmadas na barriga). Imagina! É boato. O dia em que eu ficar grávida, todo mundo vai ver. É claro que quero ter uma família no futuro. Mas não nesse momento. Tudo tem a sua hora e, agora, eu estou... feliz da vida.


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