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Crítica
Na casa espanhola Torero Valese, os sabores se salvam diante dos deslizes
JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA
A cozinha espanhola de
vanguarda não se
vê muito por aqui
(não "viaja" com facilidade),
mas a tradicional também
é sempre bem-vinda.
Um de seus endereços é o Torero Valese, aberto em julho de
2007, na Vila Olímpia, por dois
restaurateurs da cidade, donos
do Sassá Sushi, exatamente vizinho. Sassá é Alexandre Saber,
36, um engenheiro apaixonado
por comer e fazer sushi. Já a
nova casa tem o nome do outro
sócio, o também paulistano Juliano Valese, 30.
É ele o chef de cozinha. Administrador de empresas, atua
na nova área há oito anos, desde que estudou gastronomia na
Califórnia. Trabalhou como
barman e ajudante de cozinha
nos Estados Unidos e, de volta
ao Brasil, está há quatro anos
no Sassá Sushi. Entusiastas da
culinária mediterrânea, os sócios inspiraram-se agora nos
bares de tapa espanhóis.
O início de uma refeição no
Torero Valese pode ter uma
surpresa boa e outra má. Não
adianta querer, como na Espanha, estimular as papilas com
uma dose de "fino" -o típico
Jerez, mais leve e seco, bem conhecido aqui por marcas como
Tio Pepe e La Ina, entre outras.
Simplesmente não há. Pelo menos há cava (o espumante espanhol) e -este o bom começo-
um couvert bem atraente, que
inclui aneizinhos de lula macios e refrescantes e uma papa
de tomates com bastante alho,
além de presunto cru e queijo.
Há tapas, pão com coberturas como anchovas com pimentão ou tomate com presunto;
pintxos (as porções), como as
de croquete de siri ou de mariscos; polvo com páprica e azeite;
e as tortillas, que aqui são um
tanto desconjuntadas e não
vêm como as originais (apenas
batata, cebola e ovo), mas
com camarões, lingüiça
ou presunto.
Os pratos são tradicionais
-como a paella, bem úmida e
condimentada, apesar dos frutos do mar além do ponto- ou
têm toques do chef, como a anchova negra com boa farofa de
presunto e abacaxi (detalhes de
acabamento: o peixe podia ser
mais suculento). No conjunto,
os sabores se salvam diante dos
deslizes -como o da sobremesa, uma crema catalana (espécie de crème brûlée) com a suposta crosta totalmente amolecida (como se requentada às
pressas), e o creme, morno nas
bordas e frio no meio.
TORERO VALESE
Endereço: av. Horácio Lafer,
638, Itaim Bibi, tel. 0/xx/
11/3168-7917
Funcionamento: seg. a qui.,
das 12h às 15h e das 18h30 à
0h; sex., das 12h às 15h e das
19h30 à 1h; sáb., das 12h30
às 16h e das 19h30 à 1h;
dom., das 12h30 às 17h
Ambiente: de bar, lembra as
casas espanholas
Serviço: atencioso
Vinhos: poderia ter mais
vinhos -além de um Jerez
Cartões: todos
Estacionamento com
manobrista: R$ 10 e R$ 13
Preços: couvert, R$ 5,90;
entradas, R$ 9,90 a R$ 31,90;
pratos principais, R$ 25,90 a
R$ 37,90; sobremesas, R$
5,90 a R$ 15,90
josimar@basilico.com.br
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