São Paulo, sexta-feira, 05 de junho de 2009

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Bonitinha, mas ordinária

Após 9 anos de altos e baixos na carreira, Julia Roberts volta ao cinema como espiã golpista e sedutora, em "Duplicidade"

Divulgação
A atriz é a ex-agente da CIA que seduz Clive Owen, outro ex-espião

CRISTINA FIBE
ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK

Desde "Erin Brockovich" (2000), pelo qual ganhou um Oscar, Julia Roberts, 41, se casou, teve três filhos e passou a dedicar mais tempo à família do que ao cinema. Após protagonizar produções desprezíveis como "A Mexicana", "Os Queridinhos da América" (ambos de 2001) e "O Sorriso de Monalisa" (2003), a atriz acertou poucas vezes, em filmes nos quais dividiu a cena com mais estrelas, como em "Closer" (2004) e "Jogos do Poder" (2007).
Só agora, nove anos depois, um estúdio volta a apostar em Julia Roberts como principal chamariz de bilheteria. É em torno dela que se organiza o lançamento de "Duplicidade", comédia romântica de espionagem que estreia hoje. Nela a atriz é Claire, uma ex-agente secreta que trama um golpe milionário no setor privado.
Para a divulgação à imprensa, a distribuidora convida dezenas de jornalistas para ir a Nova York, principal locação do filme, e entrevistar Julia, que recebe tratamento de musa. Ah, sim, Clive Owen, seu par no longa, e Tony Gilroy, diretor e roteirista, também darão o ar da graça. Não que isso pareça importar muito. O investimento da Paramount é na atriz.
Um andar inteiro do luxuoso hotel Ritz, um dos mais caros da cidade, está fechado para o evento. Pela manhã, Julia grava entrevistas para a TV; à tarde, entra e sai de quartos idênticos, cada um com cerca de dez jornalistas da imprensa escrita, para responder a perguntas cada vez mais parecidas.
Antes de receber Julia, alguns repórteres conversam sobre o que podem ou não falar, já que uma pergunta "errada", incômoda demais, pode incluí-los numa "lista negra" -não seriam mais convidados para os próximos eventos do gênero. Uma risada alta, vinda do corredor, corta a conversa. "É ela!", sussurra alguém, precedendo o silêncio absoluto. "Acabei de conversar com um grupo muito simpático no outro quarto" -sejam afáveis, parece sugerir Julia.
O assunto "antipático" que deseja contornar é justamente a sua volta a um papel importante, apontada dias antes pelo jornal "The New York Times". "Não concordo! Alguém me disse: "Você fez 13 filmes nos últimos seis anos". Acho isso impressionante. É só uma diferença de opinião", diz, tranquilamente, sem mudar o tom.
Um jornalista pergunta sobre o que ela pensa de "nenhuma outra atriz ter conseguido substituí-la" na indústria hollywoodiana, e Julia eleva a voz: "Mas ainda estou aqui!", e solta uma risada alta.
"Acho que tive um belo papel em "Jogos do Poder", mas, de novo, é uma questão de perspectiva. Felizmente, tive muitas oportunidades, mas nem tudo me interessou. E sinto essa estranha obrigação de criar meus filhos. "Duplicidade" me deu a oportunidade de ficar com eles o tempo todo."

Mamãe Julia
Julia Roberts amamentou o seu terceiro filho, Henry, nascido em 2007, no set de filmagens. "Meu bebê tinha seis ou sete meses, então tive que amamentá-lo durante o dia... Fiquei muito feliz de poder voltar ao trabalho sem precisar negligenciar, de forma nenhuma, a minha relação com Henry."
Casada desde 2002 com o diretor de fotografia Daniel Moder, ela tivera gêmeos em 2004 -as crianças ainda não sabem a profissão da mãe. "Não sei o que vão me perguntar sobre isso nem como explicarei. Prefiro não lidar com isso agora, porque a ilusão de um filme é mágica. Não quero estragá-la." Na maior parte do tempo reclusa em um sítio longe das badalações, ela minimiza o assédio dos paparazzi, que "estão ficando, sim, meio loucos", mas que não a incomodam muito.
Na saída, porém, eles se acumulam na porta do Ritz para fotografar a atriz. No meio dos paparazzi, uma das jornalistas que esteve na mesa redonda se disfarça, com sua pequena câmera digital, para garantir que aquele momento "especial" não passe em branco.

A jornalista CRISTINA FIBE viajou a convite da distribuidora Paramount.



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