|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Comédia de espionagem se baseia em "casos reais"
Diretor diz que "nada é inventado" em roteiro sobre golpes em empresas
Indicado ao Oscar por "Conduta de Risco", Tony Gilroy entrevistou agentes secretos para criar histórias absurdas sobre espiões
DA ENVIADA A NOVA YORK
Ao assistir a "Duplicidade",
uma comédia de espionagem
sobre o amor, como define o diretor, Tony Gilroy, o espectador pode achar exageradas ou
até irreais as atitudes de Claire
e Ray, personagens de Julia
Roberts e Clive Owen.
Os dois interpretam agentes
secretos que migram do governo (americano e britânico, respectivamente) para empresas
privadas, onde usarão suas habilidades para tentar aplicar
um golpe milionário. O que significa enganar até a própria
sombra em busca de fórmulas
confidenciais, embora triviais,
como a de um molho de pizza.
Mas Gilroy, 52, indicado ao
Oscar por "Conduta de Risco"
(2007), afirma, acredite se quiser, que tudo o que escreveu é
baseado em histórias verídicas,
contadas a ele, em anos de pesquisa, por executivos, especialmente espiões que deixaram
órgãos federais de inteligência
em busca da remuneração mais
gorda no setor privado.
"Se der um Google em "espionagem" ou "inteligência competitiva", você vai ver o grande número de respostas -há discussões, convenções, newsletters
de espiões. Na superfície, eles
só falam sobre o que é feito à luz
do dia, na frente de todos. Mas
não existe grande empresa que
não tenha ao menos uma equipe de estratégia de defesa. As
maiores têm também unidades
de estratégia agressiva."
E os espiões, que muitas vezes trabalham contra a empresa que os contrata, estão loucos
para compartilhar seus serviços ultrassecretos, diz Gilroy.
"Se eu os procuro, eles falam
comigo. Não com você [que é
repórter], nunca. Comigo, eles
podem até mentir, trocar nomes. Mas, com a minha forma
de fazer jornalismo, eles querem falar sobre o que fazem,
porque não vou denunciar ninguém. As situações do filme podem parecer bobas, mas nada
daquilo não aconteceu."
Gilroy refere-se, por exemplo, às atitudes do neurótico
personagem de Paul Giamatti,
um empresário que, em meio à
sabotagem contra uma farmacêutica concorrente, chega a
usar um clone de si mesmo para distrair os rivais.
Amor inventado
Já o romance entre Claire e
Ray é um dos elementos que o
diretor assume ter inventado
para apimentar o roteiro.
Profissionais da mentira, eles
passam o filme enganando um
ao outro. "Eles são as versões
masculina e feminina do mesmo papel", diz Julia Roberts,
para quem "foi difícil ser tão séria e sofisticada no filme".
"Acho que sou muito boba para
ser tão séria", brinca.
Para o diretor, a relação do
casal que "vive de não acreditar
em ninguém" é um "raio-x,
uma versão super-humana de
todas as relações". "Os dois não
conversam sobre namoro, não
discutem a relação, estão em
um plano mais alto."
A química com Clive Owen,
testada antes em "Closer", foi
uma solução para remediar a
saída de George Clooney do
projeto. Foi para o astro de
"Conduta de Risco" que Gilroy
escreveu o roteiro, pronto no
início desta década.
Julia Roberts também chegou a se desligar da produção,
grávida do terceiro filho, mas,
aí, o diretor preferiu esperar.
"Até pensamos em outras, mas
nenhuma funcionaria tão bem
quanto ela."
(CRISTINA FIBE)
Texto Anterior: Crítica/"A Mulher Invisível": Selton Mello e Luana Piovani turbinam apelo de comédia Próximo Texto: Crítica/"A Partida": Japonês renova com brilho o melodrama Índice
|