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crítica
Trama falha tentando ser astuta demais
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
O reencontro de Julia
Roberts e Clive
Owen depois de
"Closer" numa cena rápida
de alcova passada em Dubai
faz pressentir que a ótima
química da dupla vai, de novo, dar samba. Mais de duas
horas depois o espectador
confere o relógio enquanto
olha com pouco interesse para o charme intacto de ambos na tela e se pergunta: o
que deu errado?
Sem dúvida a falha é da necessidade de inventar decoração demais para um bolo
de receita simples. Em sua
segunda incursão como diretor, Tony Gilroy (responsável pelos roteiros da trilogia
Bourne) repete os defeitos
de "Conduta de Risco": querer ser mais astuto do que a
trama pede.
Roberts e Owen são dois
agentes secretos às voltas
com o mundo da espionagem
industrial. Apaixonados,
montam um plano de dar um
golpe e ficar milionários.
Num jogo de manipulações
em que as aparências comandam a ciranda, a dupla
muda de lado como quem
troca de roupa.
Há também uma intenção
de satirizar os bastidores dos
conglomerados industriais,
com dois rivais palhaços feitos com desenvoltura por
Paul Giamatti e Tom Wilkinson dando um ar cômico-engajado ao conjunto.
Filmar as astúcias da espionagem como variações do
humor diário de um casal poderia valer o ingresso. No entanto, "Duplicidade" prefere
representar as múltiplas facetas com um acúmulo de
vaivéns temporais que desnorteiam sem acrescentar
nada de substancial.
No fundo, poderia ser um
híbrido de comédia romântica e thriller de espionagem,
mas passou alguém "inteligente" pela sala de montagem e o resultado tem mais a
ver com o samba do crioulo
doido.
DUPLICIDADE
Direção: Tony Gilroy
Produção: EUA/Alemanha, 2009
Com: Clive Owen, Julia Roberts,
Tom Wilkinson e Paul Giamatti
Onde: estreia hoje no Bristol, Kinoplex Itaim e circuito
Classificação: 12 anos
Avaliação: regular
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