RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Muito do que as pessoas conhecem sobre a Roma Antiga foi distorcido pela cultura de massa. Entre as áreas onde os equívocos são maiores, está a da luta de gladiadores. Felizmente, há documentários como este que a TV Cultura exibe hoje para pôr as coisas em pratos razoavelmente limpos.
A se acreditar em certos filmes, toda luta de gladiadores tinha que resultar em morte, e os leões e tigres se empanturravam de tanto comer cristãos. Na verdade, os gladiadores tinham boas chances de continuar vivos. Nem todos eram escravos. Os melhores tinham fama comparável à de um piloto de Fórmula 1 ou jogador de futebol hoje. Gladiadores eram um investimento valioso. Portanto não fazia sentido matá-los a granel.
O documentário mostra com precisão tanto o cotidiano dos gladiadores como o papel dos jogos na política romana. O gigantesco Coliseu mantinha os plebeus contentes.
Ainda restam no mundo moderno "esportes" sanguinários, como touradas e brigas de galo, herdeiros diretos dos jogos romanos. Outros foram domesticados e já não matam. Julgar os jogos de gladiadores com o olhar do século 21 não faz sentido. É melhor entendê-los no contexto de uma civilização clássica, na qual a violência tinha outro sentido.