São Paulo, quinta-feira, 05 de julho de 2007

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Musical lembra teatro de revista

"Sassaricando" estréia no Tom Brasil apresentando quase cem marchinhas de Carnaval de Noel Rosa, Braguinha e outros

Espetáculo de Cláudio Botelho, que mostra o Rio antigo e seus personagens, chega a São Paulo depois de concluir temporada carioca


GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O diretor Cláudio Botelho, do musical "Sassaricando - e o Rio Inventou a Marchinha" -que estréia hoje no Tom Brasil-, conta que, na temporada no Rio, um neurologista receitava o espetáculo a quem sofresse do mal de Alzheimer. Dizia que a peça, com suas mais de cem marchinhas de Carnaval, ajudava a resgatar lembranças, estimulando parte do cérebro responsável pela memória.
Sabe-se lá se algum caso deu resultado. Mas esse mergulho nos anos 30, 40 e 50, época dos teatros de revista, dos bailes conduzidos ao som de Noel Rosa, Lamartine Babo, Haroldo Barbosa e Braguinha, de fato atraiu um público bastante específico à temporada carioca. Uma passada de olhos pela platéia varria sempre um mar de cabeças brancas, grisalhas, de cabelos tingidos e derivados.
Gente chorando no fim do espetáculo era bastante comum. A peça é conduzida sem enredo. Apenas uma música costurada à outra, retratando o Rio à moda antiga, como uma espécie de crônica da cidade. Desfilam pelas letras das canções seus tipos mais comuns, o pai bravo, o namorado ciumento, o político, o malandro, a mulata, o boêmio e até as típicas suspeitas preconceituosas (Olha a cabeleira do Zezé/será que ele é?/ será que ele é?).
O espetáculo nasceu de uma vasta pesquisa do jornalista Sérgio Cabral e da historiadora Rosa Maria Araújo. As quase cem canções que estão ali reunidas, divididas em dez blocos (sobre dinheiro, comida, assuntos históricos, preconceitos, Carnaval, família etc.), foram garimpadas de um levantamento inicial, com mais de mil marchinhas. "Bandeira Branca", "A Mulher do Leiteiro", "Alá-lá-ô", "Corre, Corre, Lambretinha" e "Turma do Funil", são alguns dos hits. "É pra cantar junto mesmo", diz Botelho.
A direção musical, de Luis Filipe de Lima, opta por um sexteto no fundo do palco. A banda dá suporte para o elenco protagonizado por Eduardo Dussek e Soraya Ravenle, ainda com os cantores Ivana Domenico, Pedro Paulo Malta, Alfredo Del Penho e Juliana Diniz na composição dos diversos tipos citados pelas canções.
"O gestual todo remete à revista brasileira, que acaba nos anos 50", diz Botelho. Um bom documento que arquiva esse estilo de encenações, segundo o diretor, são as produções para cinema da extinta Atlântida, com seus filmes de Carmem Miranda, Grande Otelo e Oscarito. O cenário, de Charles Möeller, recria as cenografias da primeira metade do século, com painéis art-decó, microfones de metal e banquinhos à moda da era do rádio.

SASSARICANDO - E O RIO INVENTOU A MARCHINHA


Quando: estréia hoje. Qui.: 21h; sex. e sáb.: 22h; dom.: 20h
Onde: Tom Brasil - Nações Unidas (r. Bragança Paulista, 1.281, tel. 0/xx/ 11/ 2163-2000)
Quanto: R$ 50 a R$ 120



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