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Público faz fila para ver o "casal encrenca"
RAQUEL COZER
ENVIADA ESPECIAL A PARATY
"Ela ganhou." "Você acha?
Ele foi melhor!"
O clima ao fim da mesa menos literária desta Flip não deixou dúvida: o público estava
ávido pelo momento Márcia
Goldschmidt do evento, que
pôs frente a frente a conceituada artista Sophie Calle, 55, e o
escritor Grégoire Bouillier, 49.
Bouillier é o autor do e-mail
de rompimento que inspirou a
ex a montar a exposição "Cuide
de Você" (2007), que estreia em
São Paulo no dia 10. Calle motivou o livro do autor que sai por
aqui no embalo da Flip, "O
Convidado Surpresa" (2004).
Na Tenda dos Autores, eles trocaram alfinetadas e gentilezas.
E, embora neguem o marketing do "primeiro encontro público", os resultados foram percebidos em minutos: 200
exemplares de "O Convidado
Surpresa" -todo o estoque do
livro no evento- foram vendidos após a mesa. Antes, às
11h30 da manhã, as enormes filas competiam com as da mesa
de Chico Buarque em tamanho.
A apresentação de Calle ao
público, feita pelo mediador
Angel Gurría-Quintana, fez notar que muita gente ali nunca
tinha ouvido falar nela antes da
Flip. Calle manteve a simpatia,
lendo trechos bem-humorados
de seu "Histórias Reais" (Agir),
o que lhe garantiu a empatia do
público. Bouillier demorou a
entrar no ritmo.
"Estou acostumada a perder
e a inverter situações, a sair por
cima", ela disse, referindo-se à
ideia de criar a exposição em
que 107 mulheres analisam o e-mail de Bouillier -em busca,
inclusive de erros gramaticais.
"Era uma carta obscura, desengonçada, de alguém que não sabe como cair fora", avaliou ela.
O escritor recebeu aplausos ao
responder que "não é proibido
dar um fora em alguém".
Quando Calle se desentendeu com os fones de ouvido, ele
tentou ajudar. "Eles se dão bem
de verdade", disse o mediador.
Mas o autor não deixou de se
defender das "acusações" de
problemas na sua escrita. "O e-mail não era um projeto de escritor", disse. A discussão literária se limitou a um assunto
recorrente nesta Flip, as fronteiras entre realidade e ficção.
Um espectador questionou
por que o escritor usou o formal "vous" e não "tu" no e-mail.
"Todas as mulheres que eu amo
eu chamo de "vous", é a minha
maneira de mostrar que estou
apaixonado", ele disse. Calle tirou sarro da gentileza: "Todos
os homens com os quais durmo
eu também chamo de "vous'".
Ao fim, Calle relatou a conversa que teve com Bouillier
antes do debate. "Ele me disse:
"Se você se desculpar, caso com
você". Não me desculpei, então
não há o que discutir."
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