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Argentino veio
ao Brasil aos 16
ERIKA PALOMINO
Colunista da Folha
Pena que todo o corrente
"boom" da dança em São Paulo só
tenha conseguido colocar Julio
Bocca para dançar no Olympia.
Merecíamos vê-lo de outro jeito.
Mas já é alguma coisa, claro.
Apesar de, como disse na entrevista à Folha, não acreditar nos
atuais mitos do balé, Bocca certamente é um deles.
O bailarino encarna aquela nossa
imagem romântica de um artista
diferenciado e excepcionalmente
talentoso, saído da América Latina
para brilhar, ainda jovem, nos palcos do mundo.
No exigente American Ballet
Theater teve seu talento reconhecido pelo então diretor, Mikhail
Baryshnikov, fazendo sua carreira
deslanchar, ao mesmo tempo que
passou a se apresentar como convidado em diversas companhias
internacionais.
De porte pequeno, como outros
grandes que fizeram história (o
próprio Baryshnikov, Nureyev),
com figura marcante e decidida no
palco, Bocca pode ser ao mesmo
tempo um apaixonado partner e
um personalíssimo solista.
Quinze anos atrás, Bocca dançava no Rio de Janeiro seu primeiro
papel como protagonista, o Albrecht, de "Giselle".
Então com 16 anos, um tímido
-mas seguro- bailarino fazia
aulas normalmente com o corpo
de balé do Teatro Municipal, ensaiando suas variações.
O experiente maître-de-ballet do
teatro na época, Emilio Martins,
chamava as jovens aspirantes a
bailarinas para assistir seus ensaios e sua barra. Empolgado, fez a
profecia: "Este menino vai longe,
este menino vai longe!" O mundo
da dança tem dessas coisas.
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