JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas

O artista Arthur Bispo do Rosário (1909-89), que morreu há exatamente dez anos, será homenageado hoje pelo Canal Brasil com a exibição do vídeo "Bispo do Rosário", de Miguel Przewodowski e Helena Martinho da Rocha.
Bispo é um caso singular na história das artes plásticas e também na da psiquiatria.
Internado por mais de 50 anos na colônia Juliano Moreira, no Rio, com o diagnóstico de esquizofrenia paranóica, construiu ao longo das décadas uma obra original e assombrosa.
São mais de 800 peças, entre roupas, objetos, pinturas e instalações feitos com a sucata de que dispunha: botões de camisa, canecas de alumínio, linha extraída de seu uniforme de interno etc.
Sobretudo depois de morto, Bispo do Rosário teve sua arte valorizada pela crítica e consagrada internacionalmente. Suas obras representaram o Brasil na última Bienal de Veneza.
Há na arte de Bispo, aparentemente, uma tentativa de abarcar o mundo pela minúcia, pelo acúmulo e pela enumeração. São palavras, letras, números e signos em delirante profusão e detalhe.
No vídeo que o Canal Brasil exibe hoje, essa obra rica e complexa fica em segundo plano. Os realizadores optaram por dramatizar a vida do artista, sobretudo sua relação afetiva com a estagiária Rosângela Maria, com quem costumava jogar xadrez e por quem se apaixonou, dedicando-lhe inúmeras obras.
Bispo, que era negro, é interpretado pelo ator Rubens Corrêa. Christiane Torloni vive Rosângela Maria. O vídeo alterna a reconstituição do relacionamento real entre os dois com alegorias em que Rosângela aparece transfigurada pelos delírios do artista.
A despeito das boas intenções, Bispo do Rosário merecia muito, muito mais.

Avaliação:   


Vídeo: Bispo do Rosário
Direção: Miguel Przewodowski e Helena Martinho da Rocha
Com: Rubens Corrêa e Christiane Torloni
Quando: hoje, às 20h, no Canal Brasil