São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2003 |
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Papel de mãe persegue atriz do Soleil
DO ENVIADO ESPECIAL
PERSONAGEM - A primeira coisa
que me veio é que a Linda ama,
admira o Willy, porque tem com
ele a poesia, o sonho. Daí esse carinho eterno, essa admiração. Só
que ela tem mais os pés no chão,
percebe as errâncias do marido. O
sofrimento dele, para ela, é terrível. Preferia sofrer tudo no lugar
do Willy. Acho que ela é mais mãe
dele do que dos próprios filhos. CONSUMO - O sonho da classe
média é, digamos, possuir: possuir uma casa, um carro, um aspirador, uma máquina de lavar, enfim, como se, tendo tudo isso, se
chegasse ao topo. Esse não-perceber da realidade pão-pão, queijo-queijo não é exclusivo da classe
média. Ocorre a indivíduos de todas as classes, por motivos outros. MUDANÇA - De uns tempos para
cá, senti necessidade de voltar ao
Brasil. Quando eu era jovem, parti
muito cedo de casa, não tinha
saudades. Depois, com a idade,
com a morte de meus pais, fui começando a sentir mais falta da
minha terra. [Aqui no Brasil]
Conversamos com uma pessoa na
fila do ônibus, na fila do banco, na
padaria, no táxi etc. Isso, na França, não existe. Os amigos me fazem falta, o público brasileiro me
faz falta, e então precisava voltar
para esse colo materno. ENCENAÇÃO - A gente fez um trabalho bem diferente do que se faz
no Théâtre du Soleil e, pelo que
entendi, também um pouco diferente do hábito do próprio Felipe,
que foi um trabalho de mesa de
um mês [leituras]. No Soleil, lemos a peça uma vez e vamos para
o palco para se maquiar, se vestir,
se transformar e começar a propor. Aqui no "Caixeiro", pegávamos um trecho, uma palavra, e todo mundo participava, ajudava a
destrinçar o texto, num exercício
de imaginação, de deduções. Pensava: "Meu Deus do céu, trabalho
de mesa, ficar lendo o texto tanto
tempo assim, e depois que eu for
para o palco, o que vou fazer com
isso?". Mas foi um caminho diferente. THÉÂTRE DU SOLEIL - É um teatro
de grupo, com 30 a 40 atores.
Quando eu cheguei, eram 60 pessoas em toda a equipe, agora já
são cerca de 90. A primeira coisa
que me vem à mente, falando do
Théâtre du Soleil, é um teatro épico. Acho que a Ariane conta sagas, histórias épicas. |
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