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MÚSICA
Marvin Gaye ganha status de deus trágico
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO
Marvin Gaye (1939-84) é o rei.
Em uma recente pesquisa divulgada pela agência de notícias
France Presse, duas músicas do
cantor norte-americano são as
preferidas pelos britânicos para
acompanhar suas relações sexuais. No ranking escolhido pelos
10 mil entrevistados, "Sexual Healing" e "Let's Get It On" estão no
topo das canções que podem servir de trilha sonora para motel.
Claro que se trata de uma forma
reducionista de analisar a herança
musical deixada por Gaye, como
mostra o documentário da série
"Living Famously", produzido
pela BBC, que é exibido durante
essa semana pelo canal GNT.
Estivesse vivo, o rei do soul erótico não teria do que se queixar.
Afinal, ele mesmo fazia trocadilhos de conotação sexual com a
palavra "funk" durante shows.
Injustiça maior é a ênfase dada
aos aspectos pessoais de sua vida,
que não raro são abordados de
forma sensacionalista. O documentário da BBC -apesar de
correto- dedica metade de seus
pouco mais de 50 minutos de duração à fase decadente de Gaye,
quando se deslumbrou com o sucesso e a cocaína, e à sua morte
(Gaye foi assassinado pelo próprio pai em uma discussão).
Pelo menos em uma obra a análise da vida pessoal é necessária.
"What's Going On" (1971) marcaria um período de depressão de
Gaye, abalado pela morte de sua
ex-parceira musical Tammi Terrel e pela participação de seu irmão na Guerra do Vietnã.
Forma-se o retrato do ídolo trágico, que sonhava em ser uma espécie de Frank Sinatra negro.
Uma comparação mais justa seria com Elvis Presley. Assim como
o "rei", Gaye tornou a música negra acessível e vendável para o público branco. Lembra o DJ e produtor Pete Waterman, sobre a
primeira vez que ouviu o hit "I
Heard It through the Grapevine"
(1968): "Aquela música faria o público branco entender o que era a
Motown [legendária gravadora e
principal difusora da black music
norte-americana]".
MARVIN GAYE - LIVING FAMOUSLY.
Quando: qui. (dia 7), às 19h e 0h30; 8/8,
às 8h e 14h30, no canal GNT.
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