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São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2003

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MÚSICA

Marvin Gaye ganha status de deus trágico

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

Marvin Gaye (1939-84) é o rei. Em uma recente pesquisa divulgada pela agência de notícias France Presse, duas músicas do cantor norte-americano são as preferidas pelos britânicos para acompanhar suas relações sexuais. No ranking escolhido pelos 10 mil entrevistados, "Sexual Healing" e "Let's Get It On" estão no topo das canções que podem servir de trilha sonora para motel.
Claro que se trata de uma forma reducionista de analisar a herança musical deixada por Gaye, como mostra o documentário da série "Living Famously", produzido pela BBC, que é exibido durante essa semana pelo canal GNT.
Estivesse vivo, o rei do soul erótico não teria do que se queixar. Afinal, ele mesmo fazia trocadilhos de conotação sexual com a palavra "funk" durante shows.
Injustiça maior é a ênfase dada aos aspectos pessoais de sua vida, que não raro são abordados de forma sensacionalista. O documentário da BBC -apesar de correto- dedica metade de seus pouco mais de 50 minutos de duração à fase decadente de Gaye, quando se deslumbrou com o sucesso e a cocaína, e à sua morte (Gaye foi assassinado pelo próprio pai em uma discussão).
Pelo menos em uma obra a análise da vida pessoal é necessária. "What's Going On" (1971) marcaria um período de depressão de Gaye, abalado pela morte de sua ex-parceira musical Tammi Terrel e pela participação de seu irmão na Guerra do Vietnã.
Forma-se o retrato do ídolo trágico, que sonhava em ser uma espécie de Frank Sinatra negro.
Uma comparação mais justa seria com Elvis Presley. Assim como o "rei", Gaye tornou a música negra acessível e vendável para o público branco. Lembra o DJ e produtor Pete Waterman, sobre a primeira vez que ouviu o hit "I Heard It through the Grapevine" (1968): "Aquela música faria o público branco entender o que era a Motown [legendária gravadora e principal difusora da black music norte-americana]".


MARVIN GAYE - LIVING FAMOUSLY. Quando: qui. (dia 7), às 19h e 0h30; 8/8, às 8h e 14h30, no canal GNT.


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