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Balanço aponta insolvência do Masp; auditoria vê irregularidades
Demonstrativo financeiro da instituição publicado em abril já indicava crise
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise financeira que levou o
Museu de Arte de São Paulo
(Masp) a ter o fornecimento de
energia interrompido por falta
de pagamento à Eletropaulo,
em maio passado, já estava prevista no próprio balanço geral
do museu publicado em abril.
De acordo com o especialista
em finanças Alberto Borges
Matias, professor da Faculdade
de Economia e Administração
da Universidade de São Paulo
(Usp), o balanço do Masp revela uma situação de insolvência
da instituição. Há dívidas vencidas e déficit crônico. O quadro só poderia ser solucionado
por um forte aumento de receita ou corte de despesas.
De acordo com parecer de
auditores independentes da
PricewaterhouseCoopers, assinado por Mauro Sérgio Alves
Teixeira, e publicado no próprio balanço, o Masp comete irregularidades em suas demonstrações financeiras. Uma
delas leva o museu a apresentar
um superávit "a maior" em suas
contas, ou seja, inchado, quando na verdade deveria apresentar um déficit que poderia chegar a cerca de R$ 1 milhão.
De acordo com o parecer, em
seu parágrafo 6, o Masp contabiliza como receitas, ou seja,
entrada de dinheiro, R$ 522 mil
arrecadados para as reformas
na galeria Prestes Maia, em
2005, e R$ 1 milhão, em 2004.
Entretanto, o parecer aponta
que, "consoante as normas brasileiras de contabilidade", tais
valores deveriam ser contabilizados "diretamente no patrimônio social".
Tal expediente fez com que
"o superávit dos exercícios findos em 31 de dezembro de 2005
e de 2004 estejam demonstrados a maior pelos referidos
montantes".
Isso explica porque, em junho do ano passado, o secretário municipal da Cultura, Carlos Augusto Calil, afirmou, em
entrevista à Folha, que o Masp
possuía um déficit de R$ 1 milhão, valor posteriormente negado pelo presidente do museu, o arquiteto Júlio Neves.
Ainda segundo o parecer dos
auditores, o Masp lança como
receitas de 2005 valores que só
seriam obtidos em 2006. De
acordo com o parágrafo 8 do
parecer, foram contabilizados
R$ 362 mil "a maior" no exercício de 2005. O parecer diz que
as obras de arte recebidas em
doação não são registradas pelo valor de mercado, mas lançadas no valor simbólico de R$ 1.
Além disso, o Masp "não adota a prática de depreciar os
bens do ativo imobilizado". Isso significa que o museu lança
em seu ativo o valor de aquisição de aparelhos como computadores, por exemplo, sem indicar depreciação em seu valor
com o uso.
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