|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Record testa aceitação de "mutantes"
Emissora quer saber se personagens que voam ou lêem pensamentos, em nova novela, agradarão ao público
MARCELO BARTOLOMEI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
A próxima novela das dez da
Record vai testar o que é aceitável ou não pelo telespectador
com um grupo de personagens
mutantes, ou "geneticamente
alterados", como prefere o autor, Tiago Santiago, 44.
Apesar do título meloso e da
veia folhetinesca -casal afastado pelo vilão e mocinha injustiçada-, "Caminhos do Coração"
terá um menino-lobo, um jovem indestrutível, uma menina
com asas, um garoto superveloz, um bebê paranormal, um
rapaz que lê pensamentos, uma
jovem que explode prédios
quando nervosa e outra que
movimenta objetos, entre outros, frutos de experiências quiméricas (mistura de humanos
com animais).
"Bizarro, né?", pergunta o
novelista, rindo. "Tudo é baseado na mitologia e na realidade.
Na Inglaterra, está a maior polêmica porque estão colocando
DNA humano em óvulos de
ovelhas e vacas", defende-se.
O autor nega que esteja copiando sucessos como "X-Men" e o atual "Heroes". "O tema é antigo. Vi "Saramandaia"
[1976], do Dias Gomes, com fascinação. Monteiro Lobato já fazia realismo fantástico", diz.
Santiago tem um plano B para a empreitada. Se o público
rejeitar os mutantes, eles perdem peso na novela. "Se for
bem aceito, vou colocar mais
mutantes, com poderes de invisibilidade e transformação."
Com estréia marcada para o
dia 28 na faixa de horário que a
emissora elegeu como nobre, é
a novela mais cara já produzida
na Record -US$ 150 mil por
capítulo (cerca de R$ 313 mil),
fora investimentos em equipamentos e pessoal especializado.
A história começa na fictícia
Progênese, uma clínica de fertilização que introduz genes animais em fetos com a promessa
de criar crianças superdotadas.
Os mutantes serão jovens e
crianças. "A tecnologia do DNA
recombinante é de 1975, então
não dá para ter pessoas de mais
idade." A idéia surgiu depois de
Santiago escrever a peça
"DNA" (2004), sobre transgênicos. "Quero discutir que direito o homem tem de alterar a
sua própria natureza", afirma.
O diretor geral Alexandre
Avancini, 42, é quem vai transformar o desafio em realidade
na TV. "Os superpoderes dependem de computação gráfica. Saltos, dentes que crescem,
vôos. É preciso um equipamento pesado. Gostamos de desafios. Saímos de algo realista como "Vidas Opostas" e vamos para o realismo fantástico."
Texto Anterior: Nas lojas Próximo Texto: Bia Abramo Índice
|