São Paulo, domingo, 05 de agosto de 2007

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Record testa aceitação de "mutantes"

Emissora quer saber se personagens que voam ou lêem pensamentos, em nova novela, agradarão ao público

MARCELO BARTOLOMEI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

A próxima novela das dez da Record vai testar o que é aceitável ou não pelo telespectador com um grupo de personagens mutantes, ou "geneticamente alterados", como prefere o autor, Tiago Santiago, 44.
Apesar do título meloso e da veia folhetinesca -casal afastado pelo vilão e mocinha injustiçada-, "Caminhos do Coração" terá um menino-lobo, um jovem indestrutível, uma menina com asas, um garoto superveloz, um bebê paranormal, um rapaz que lê pensamentos, uma jovem que explode prédios quando nervosa e outra que movimenta objetos, entre outros, frutos de experiências quiméricas (mistura de humanos com animais).
"Bizarro, né?", pergunta o novelista, rindo. "Tudo é baseado na mitologia e na realidade. Na Inglaterra, está a maior polêmica porque estão colocando DNA humano em óvulos de ovelhas e vacas", defende-se.
O autor nega que esteja copiando sucessos como "X-Men" e o atual "Heroes". "O tema é antigo. Vi "Saramandaia" [1976], do Dias Gomes, com fascinação. Monteiro Lobato já fazia realismo fantástico", diz.
Santiago tem um plano B para a empreitada. Se o público rejeitar os mutantes, eles perdem peso na novela. "Se for bem aceito, vou colocar mais mutantes, com poderes de invisibilidade e transformação."
Com estréia marcada para o dia 28 na faixa de horário que a emissora elegeu como nobre, é a novela mais cara já produzida na Record -US$ 150 mil por capítulo (cerca de R$ 313 mil), fora investimentos em equipamentos e pessoal especializado.
A história começa na fictícia Progênese, uma clínica de fertilização que introduz genes animais em fetos com a promessa de criar crianças superdotadas.
Os mutantes serão jovens e crianças. "A tecnologia do DNA recombinante é de 1975, então não dá para ter pessoas de mais idade." A idéia surgiu depois de Santiago escrever a peça "DNA" (2004), sobre transgênicos. "Quero discutir que direito o homem tem de alterar a sua própria natureza", afirma.
O diretor geral Alexandre Avancini, 42, é quem vai transformar o desafio em realidade na TV. "Os superpoderes dependem de computação gráfica. Saltos, dentes que crescem, vôos. É preciso um equipamento pesado. Gostamos de desafios. Saímos de algo realista como "Vidas Opostas" e vamos para o realismo fantástico."


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