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Crítica
Filme passa batido por mistério milenar
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
De tempos em tempos, a humanidade, ou parte dela, é tomada por movimentos maníacos, que anunciam verdades até então recônditas e enfim reveladas, capazes de mudar o curso
da vida e até mesmo o passado.
Os mais antigos se lembrarão
do ipê roxo. Uma planta ou árvore que, garantidamente, curava o câncer. Choviam testemunhos sobre sua ação. Descobriu-se que o remédio contra a
mais terrível das doenças estava ao alcance de todos, nas bancas de qualquer camelô.
Como era de se esperar, o ipê
roxo desapareceu sem deixar
notícias, assim como tantos outros similares, como filmes ou
livros de sucesso que parece
inacreditável terem influenciado alguém em algum momento.
No caso de "O Código da
Vinci" (HBO, 19h45), tudo começa com um "best-seller" de
dimensões mastodônticas, que
deu lugar a inúmeros "best-sellers" subsidiários. Desenvolve
a hipótese de uma linhagem
vinda diretamente de Jesus e
Maria Madalena, oculta há séculos pela catolicidade. E por
que oculta? Não li o livro, e o filme passa batido sobre a questão, mas envolve celibato, controle da Igreja sobre seus bens
e, provavelmente, o gosto dos
clérigos pela conspiração.
Do outro lado, há os estudiosos -no caso, Tom Hanks- em
busca de provas da verdade
oculta. O filme é frouxo e não
fez sucesso à altura do livro,
embora, claro, tenha se defendido. Como de hábito na Hollywood recente, o que fez foi vender duas horas de alienação.
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