São Paulo, domingo, 05 de agosto de 2007

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Crítica

Filme passa batido por mistério milenar

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

De tempos em tempos, a humanidade, ou parte dela, é tomada por movimentos maníacos, que anunciam verdades até então recônditas e enfim reveladas, capazes de mudar o curso da vida e até mesmo o passado.
Os mais antigos se lembrarão do ipê roxo. Uma planta ou árvore que, garantidamente, curava o câncer. Choviam testemunhos sobre sua ação. Descobriu-se que o remédio contra a mais terrível das doenças estava ao alcance de todos, nas bancas de qualquer camelô.
Como era de se esperar, o ipê roxo desapareceu sem deixar notícias, assim como tantos outros similares, como filmes ou livros de sucesso que parece inacreditável terem influenciado alguém em algum momento.
No caso de "O Código da Vinci" (HBO, 19h45), tudo começa com um "best-seller" de dimensões mastodônticas, que deu lugar a inúmeros "best-sellers" subsidiários. Desenvolve a hipótese de uma linhagem vinda diretamente de Jesus e Maria Madalena, oculta há séculos pela catolicidade. E por que oculta? Não li o livro, e o filme passa batido sobre a questão, mas envolve celibato, controle da Igreja sobre seus bens e, provavelmente, o gosto dos clérigos pela conspiração.
Do outro lado, há os estudiosos -no caso, Tom Hanks- em busca de provas da verdade oculta. O filme é frouxo e não fez sucesso à altura do livro, embora, claro, tenha se defendido. Como de hábito na Hollywood recente, o que fez foi vender duas horas de alienação.

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