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FESTIVAL DE VENEZA
Filme com Jeremy Irons e Gong Li é ambientado durante a passagem de Hong Kong para a China
'Chinese box' desperdiça momento histórico
AMIR LABAKI
enviado especial a Veneza
Outro potencial favorito esfumou-se ontem na penúltima rodada da mostra competitiva de Veneza-97. "Chinese Box" (A Caixa
Chinesa), de Wayne Wang ("Cortina de Fumaça"), prometia ser o
registro cinematográfico definitivo do retorno de Hong Kong ao
controle chinês em julho último.
Wang e equipe rodaram "in loco" nos dias da transição. O resultado mais uma vez consagra o
triunfo da TV sobre o cinema.
"Chinese Box" se candidatava a
um "Casablanca" contemporâneo. A ex-prostituta Gong Li
("Lanternas Vermelhas") oscila
entre o jornalista britânico Jeremy
Irons ("A Missão") e o empresário local Michael Hui (famoso comediante e diretor de Hong Kong).
O primeiro quer casar mas a leucemia lhe reserva pouco tempo de
vida, enquanto a tradição permite
ao segundo, no máximo, um silencioso concubinato. Nenhuma relação convence muito e o passado de
Li irrompe em anticlímax.
De oportuno, "Chinese Box"
deslizou para o oportunismo. As
filmagens não forneceram nenhum material excepcional. A cerimônia da passagem do bastão da
Grã-Bretanha para a China surge
na tela com as mesmas imagens
vistas na CNN e nos telejornais.
"Chinese Box" poderia ter sido
rodado em qualquer estúdio americano -com locações em alguma
Chinatown. Parece um filme recente de Wim Wenders, ainda que
com mesmo blá-blá-blá sobre a
"crise da imagem".
A competição prosseguiu ladeira
abaixo com o representante francês, "Nettoyage à Sec" (Lavagem
a Seco) de Anne Fontaine -triângulo amoroso envolvendo um casal burguês (Miou-Miou e Charles
Berning) e um performer transformista (Stanislas Merhar). É mais
uma família que desmorona à moda "Teorema" de Pasolini.
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