São Paulo, sexta, 5 de setembro de 1997.



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FESTIVAL DE VENEZA
Filme com Jeremy Irons e Gong Li é ambientado durante a passagem de Hong Kong para a China
'Chinese box' desperdiça momento histórico

AMIR LABAKI
enviado especial a Veneza

Outro potencial favorito esfumou-se ontem na penúltima rodada da mostra competitiva de Veneza-97. "Chinese Box" (A Caixa Chinesa), de Wayne Wang ("Cortina de Fumaça"), prometia ser o registro cinematográfico definitivo do retorno de Hong Kong ao controle chinês em julho último.
Wang e equipe rodaram "in loco" nos dias da transição. O resultado mais uma vez consagra o triunfo da TV sobre o cinema.
"Chinese Box" se candidatava a um "Casablanca" contemporâneo. A ex-prostituta Gong Li ("Lanternas Vermelhas") oscila entre o jornalista britânico Jeremy Irons ("A Missão") e o empresário local Michael Hui (famoso comediante e diretor de Hong Kong).
O primeiro quer casar mas a leucemia lhe reserva pouco tempo de vida, enquanto a tradição permite ao segundo, no máximo, um silencioso concubinato. Nenhuma relação convence muito e o passado de Li irrompe em anticlímax.
De oportuno, "Chinese Box" deslizou para o oportunismo. As filmagens não forneceram nenhum material excepcional. A cerimônia da passagem do bastão da Grã-Bretanha para a China surge na tela com as mesmas imagens vistas na CNN e nos telejornais.
"Chinese Box" poderia ter sido rodado em qualquer estúdio americano -com locações em alguma Chinatown. Parece um filme recente de Wim Wenders, ainda que com mesmo blá-blá-blá sobre a "crise da imagem".
A competição prosseguiu ladeira abaixo com o representante francês, "Nettoyage à Sec" (Lavagem a Seco) de Anne Fontaine -triângulo amoroso envolvendo um casal burguês (Miou-Miou e Charles Berning) e um performer transformista (Stanislas Merhar). É mais uma família que desmorona à moda "Teorema" de Pasolini.



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