|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NET CETERA
Sem dinheiro, sem campanha, mas com blog
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
No dia 5 de novembro, os
norte-americanos vão às urnas renovar parte do Congresso
Nacional, os governos de alguns
Estados e respectivas assembléias
legislativas. Entre os milhares de
candidatos, está Tara Sue Grubb,
26, que concorre a uma vaga ao
equivalente a deputado federal.
O que a diferencia no mar de
políticos e aspirantes é o motivo
desta coluna. Tara Sue não tem
um tostão, não vai gastar um tostão e promete fazer toda a sua
campanha usando apenas seu weblog, sua página individual na internet, que fica em http://grubbforcongress.manilasites.com.
Não por acaso. A ex-estudante é
uma das principais vozes novas
dos EUA pela defesa da privacidade na rede. Concorre pelo nanico
Partido Libertário à única vaga de
seu distrito na cidade de High
Point (Estado da Carolina do
Norte, terra de tabaco e furacões)
e seu oponente é praticamente o
negativo dela, pelo menos no setor ideologia.
Trata-se de Howard Coble, raposa velha local filiado ao Partido
Republicano, do presidente George W. Bush, e autor de um projeto
de lei que, aprovado, permite que
a indústria fonográfica norte-americana invada via rede qualquer computador que esteja sob
suspeita de trocar MP3 piratas.
Por ferir a Constituição, tem poucas chances de ser aprovado, mas
está servindo para mostrar os
dentes das gravadoras.
"O que você acha de uma mulher de 26 anos concorrer com um
político que só de carreira como
deputado federal tem 18 anos?",
pergunta ela. "Nós somos opostos
em muitos sentidos. E, apesar de
muitos acharem que eu sou azarona, pode acreditar que minha
candidatura é tão séria quanto
um ataque do coração."
Bonitinha, parecida com a atriz
Jennifer Tilly, ela vem atraindo a
atenção por sua proposta radical.
Defende a causa dos blogueiros, a
liberdade de expressão e, de quebra, critica o viciado sistema de financiamento de campanhas eleitorais dos Estados Unidos.
Em um das centenas de sites
que discutem sua iniciativa, o blogueiro Paul Snively escreve: "Politicamente falando, sou contrário
a pedir votos para as pessoas,
mas, dadas as circunstâncias, eu
estou mais do que feliz de votar
numa candidata que me deixa saber diariamente, em primeira
mão, seus pensamentos".
Para essas pessoas, cada vez em
maior número, faz toda a diferença do mundo o site oficial de um
candidato, escrito por uma equipe de assessores e jornalistas contratados, e o pessoal, em que o
próprio conta como foi seu dia e
divide seus pensamentos.
E-mail: sergiodavila@uol.com.br
Site: www.uol.com.br/sergiodavila
Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Papel: Hackerismo em oito lições Índice
|