Instalação em vídeo, "Aqui" ocupa galeria Millan Antonio a partir de hoje

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O argentino Miguel Angel Rios redescobriu aquele brinquedo de madeira antigo que gira em torno do próprio eixo, sustentado por um único ponto no solo. Desde 2003, o artista -que hoje abre exposição na galeria Millan Antonio- registra em vídeo a movimentação de peões de fabricação própria, com resultado coreográfico de notável simplicidade e beleza.
A experiência -que já foi levada ao MAM-Miami Art Museum (EUA), ao Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (Espanha), e à White Box de Nova York, entre outros espaços de peso- começou com o nome "A Morir", instalação que não esteve no Brasil. O último resultado da mesma pesquisa chega agora com o nome "Aqui" e contém cinco projeções sincronizadas (com 2,50m de altura por 3,30m de largura), dispostas nas quatro paredes da sala principal da galeria de forma a envolver o espectador por todos os lados.
A subtração do momento em que o peão é jogado e do momento em que ele, depois de perder velocidade, se desestabiliza, garante efeito antropomórfico. O vídeo com esse balé não mostra, mas a movimentação carrega a força de 50 jogadores da cidade de Tepoztlán, "os melhores jogadores de peão que encontrei", diz Rios.
Pintados de branco ou preto, os objetos se chocam uns com os outros, correm em uma mesma direção, ficam estáticos. Bailam sempre sobre fundo preto ou branco. Os cortes são rápidos. No centro da sala, o espectador se sente obrigado a girar para ver o trânsito dos brinquedos, realizando, portanto, o mesmo movimento de rotação.