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Crítica
Jane Darwell rouba a cena em "As Vinhas da Ira"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Talvez não houvesse ninguém mais indicado para dirigir "As Vinhas da Ira" (TCM, 19h45) do que John Ford. Porque, mais do que qualquer outro, ele era capaz de perceber a dignidade do homem pobre.
Todos são muito dignos na adversidade da Depressão que experimentam, a começar pelo filho, Henry Fonda. Mas este é o filme de Jane Darwell, ou Ma Joad. Com sua simples presença, ela mantém a unidade da família na longa peregrinação a que os obriga a miséria (e os bancos). Não é preciso que faça nada para isso, basta estar lá.
Assim, sua figura é de uma ambigüidade imensa: a um tempo, ela encarna a resignação (como a dizer que "a vida é assim") e seu inverso, como a conclamar que "a vida não pode ser assim".
Outra atriz talvez cedesse à tentação fácil de "exprimir". Jane Darwell, como digna favorita de Ford que era, limita-se a ser, a estar lá.
Talvez por isso tenha ganhado o Oscar em 1941 -como coadjuvante, é claro: sua modéstia não aceitaria mais.
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