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Mostra analisa caminho da arte a partir dos anos 70
Começa hoje, no Tomie Ohtake, "Arte Como Questão", com mais de 250 obras de cem artistas, todas produzidas no Brasil
Lygia Clark, Oiticica e Cildo Meireles são alguns dos nomes presentes na exposição, que reúne também publicações
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Fotografias, vídeos, obras feitas em computador ou com materiais como garrafas, cartões
postais, sacos plásticos ou pedras estão presentes em diversas mostras da mais recente
produção, mas ainda continuam a gerar espanto.
Todos esses materiais, entretanto, já fazem parte da história
da arte há décadas, como se pode constatar, a partir de hoje,
com a mostra "Arte Como
Questão Anos 70", no Instituto
Tomie Ohtake, com curadoria
de Glória Ferreira.
Em mais de 250 obras de cerca de cem artistas, todas produzidas no Brasil, Glória Ferreira
apresenta os diversos caminhos que a arte tomou a partir
dos anos 60. A mostra encerra o
ciclo que já havia analisado outros três momentos da produção nacional no instituto: "Pincelada Pintura e Método" (anos
50), "Geração da Virada" (anos
00) e "Modernos, Pós-Modernos etc." (anos 80 e 90).
"A arte contemporânea surge, nos anos 70, colocando em
questão o próprio valor da arte;
o que se vê nesta exposição é o
exercício dessa experiência",
diz a curadora.
"Quebra" de limites
Por isso, grande parte dos
trabalhos aborda questões intrínsecas ao próprio fazer artístico, como a noção de representação, por exemplo. Entre elas,
está uma instalação pouco conhecida de Cildo Meireles,
composta por 12 balanças, cada
uma com um saco de tamanho
diferente, todas apontando para o mesmo peso.
Não que o fazer artístico não
tenha sido também uma questão para os modernos, afinal Picasso, com o cubismo, ou Mondrian, com a arte abstrata, só
para citar dois casos, estavam
também abordando a noção de
como e se a arte pode representar algo. Entretanto, na opinião
de Glória Ferreira, o que se viu
anos 70 foi um passo mais radical: "Enquanto os modernos
expandem os limites da arte, os
contemporâneos quebram todos esse limites".
Entre as situações que apontam para o fim dessas fronteiras, os objetos relacionais de
Lygia Clark serão vistos no ambiente onde a própria artista os
utilizava, ou seja, em seu consultório, que é remontado para
a mostra.
Essas experiências radicais,
criadas para expandir a noção
de arte, não perdem seu sentido quando institucionalizadas?
"Há uma absorção pelas instituições, mas as próprias instituições tiveram que se alterar,
hoje artistas podem quebrar
paredes, ou, como no caso do
consultório, as pessoas vão ficar deitadas, se esfregando no
sofá", diz Ferreira.
Quando se fala em Lygia
Clark, Hélio Oiticica também é
citação obrigatória. Na mostra,
ele aparece com um trabalho da
série "Quasi cinemas", chamado "Helena Inventa Ângela Maria", um projeto não-realizado.
Na mostra "Arte Como Questão", eles são apenas mais dois
artistas entre os que buscavam
vincular arte e vida, um dos temas essenciais daquele momento. "Essa era uma questão
daquela época, graças aos movimentos jovens, que questionavam os parâmetros institucionais e levavam o cotidiano
para uma dimensão política",
afirma a curadora.
Além de obras, a exposição
reúne um grande número de
publicações, nas quais artistas
assumem o papel de críticos,
rompendo, também aí, alguns
limites tradicionais.
ARTE COMO QUESTÃO ANOS 70
Quando: abertura, hoje, para convidados; ter. a dom, das 11h às 20h. Até 28/10
Onde: Instituto Tomie Ohtake (av. Brigadeiro Faria Lima, 201 (entrada
pela r. Coropés), SP, tel. 0/xx/11/2245-1900)
Quanto: entrada franca
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