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CINEMA
Para Thomas, acusação de plágio é "não-evento"
DA REPORTAGEM LOCAL
Além de co-dirigir com Walter Salles "Linha de Passe", Daniela Thomas também escreveu a segunda versão do roteiro
do filme, em parceria com
George Moura.
A versão inicial é de João
Emanuel Carneiro, a quem o
longa dá crédito como "colaborador no roteiro". Os diretores
se desentenderam com Carneiro em 1996, acusando-o de usar
indevidamente personagens do
longa na novela "Cobras e Lagartos" (1996), de sua autoria.
À época, a produtora Videofilmes (de Salles) anunciou que
processaria Carneiro por plágio. Thomas afirma que ela e
Salles desistiram da idéia. "Em
vez de fazer qualquer coisa nesse sentido, a gente chamou o
[roteirista] Bráulio [Mantovani, para retrabalhar o roteiro]."
A diretora afirma que, para
ela e Salles, "o trabalho é o mestre, a obra é a mestra; os egos, os
problemas são percalços do caminho". Diz que "esse foi um
problema absolutamente contornado. O roteiro amadureceu
infinitamente depois disso. Então, é um não-evento".
Profissional também de teatro, Thomas afirma ser "um
pouco esquizofrênica" em relação às duas artes. "No teatro,
tenho um interesse por questões de linguagem bem diferentes do que tenho no cinema."
O interesse "por uma veracidade incômoda" determina sua
relação com o cinema. "Em todos os filmes que fizemos juntos, meu objetivo como parceira do Walter é tentar fazer com
que nosso cinema seja um
olhar dentro do turbilhão, não
um olhar de voyeur, mas um
olhar de quem está dentro do
que cria", afirma.
Em suas criações, Thomas
diz ser movida por uma "terrível empatia" com o sofrimento
alheio, que a faz "ser uma brasileira muito sofrida". "Quisera
eu ser uma dinamarquesa, uma
norueguesa, sequer ver, não ter
na paisagem esse sofrimento."
"Linha de Passe", segundo a
diretora, não é "desse repertório de obras auto-referentes",
mas contém em si "um desejo
de entender e, talvez, se perdoar por não enxergar o que você não enxerga e, entrando na
alma de um outro diferente de
você, tentar resolver isso".
(SA)
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