São Paulo, sexta-feira, 05 de setembro de 2008

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Coleção Folha destaca a bossa nova de Nara Leão

Cantora é tema do sexto livro-CD da série, que chega às bancas neste domingo

Uma das primeiras alunas da escola de violão de Menescal e Lyra, na década de 50, Nara interpreta clássicos como "Insensatez"


DA REPORTAGEM LOCAL

Ela pode não ter sido "musa da bossa nova", rótulo que sempre recusou, mas foi a inspiradora de alguns clássicos desse estilo musical, como "Se É Tarde me Perdoa" e "Lobo Bobo" (de Carlos Lyra e Ronaldo Bôscoli). A cantora Nara Leão (1942-1989) é a protagonista do sexto volume da Coleção Folha 50 Anos de Bossa Nova, que chega às lojas no próximo domingo, dia 7.
Nara mal tinha completado os 15 anos de idade quando se tornou personagem da história da bossa nova. Foi uma das primeiras alunas a freqüentar a escola de violão aberta pelos também jovens Roberto Menescal e Carlos Lyra em Copacabana, na zona sul do Rio, em meados da década de 50.
No mesmo bairro, ficava o apartamento da família de Nara, filha de um advogado e uma professora de Vitória (ES) que se transferiram para o Rio quando ela ainda nem completara um ano de idade.
Educadas com muita liberdade, Nara e a irmã Danuza podiam receber os amigos em casa a qualquer hora, facilidade que transformou o confortável apartamento da família na avenida Atlântica em ponto de encontro de muitos dos primeiros compositores e instrumentistas da bossa nova.
Além de Menescal e Lyra, outros músicos jovens freqüentavam essas reuniões diárias, como os pianistas Luiz Eça e Luiz Carlos Vinhas, o flautista Bebeto Castilho e o letrista Ronaldo Bôscoli, que logo se tornou namorado de Nara.
Em comum, todos eles tinham o interesse pelo que havia de mais moderno na música popular da época, tanto a que era produzida no Brasil como a dos Estados Unidos.

Tempero de bossa
O sorriso doce e tímido de Nara Leão escondia uma mulher corajosa, que se perfilou com a esquerda após o golpe militar de abril de 1964. Ao integrar o engajado musical "Opinião", encenado no Teatro de Arena, no Rio, ela irritou os militares, não só por interpretar a incendiária canção "Carcará" (de João do Vale), mas também pela rebeldia de suas declarações à imprensa.
No CD que acompanha o sexto volume da Coleção Folha, Nara canta alguns clássicos do gênero musical, como "Tristeza de Nós Dois" (de Durval Ferreira e Maurício Einhorn), "Insensatez" (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) e "O Barquinho" (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli).
A cantora também interpreta duas canções norte-americanas em versões com tempero de bossa nova: "How About You" (de Burton Lane e Ralph Freed), que foi rebatizada de "Eu Gosto Mais do Rio"; e "My Foolish Heart" (de N. Washington e V. Young), que virou "Descansa Coração".


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