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Coleção Folha destaca a bossa nova de Nara Leão
Cantora é tema do sexto livro-CD da série, que chega às bancas neste domingo
Uma das primeiras alunas da escola de violão de Menescal e Lyra, na década de 50, Nara interpreta clássicos como "Insensatez"
DA REPORTAGEM LOCAL
Ela pode não ter sido "musa
da bossa nova", rótulo que sempre recusou, mas foi a inspiradora de alguns clássicos desse
estilo musical, como "Se É Tarde me Perdoa" e "Lobo Bobo"
(de Carlos Lyra e Ronaldo Bôscoli). A cantora Nara Leão
(1942-1989) é a protagonista do
sexto volume da Coleção Folha
50 Anos de Bossa Nova, que
chega às lojas no próximo domingo, dia 7.
Nara mal tinha completado
os 15 anos de idade quando se
tornou personagem da história
da bossa nova. Foi uma das primeiras alunas a freqüentar a
escola de violão aberta pelos
também jovens Roberto Menescal e Carlos Lyra em Copacabana, na zona sul do Rio, em
meados da década de 50.
No mesmo bairro, ficava o
apartamento da família de Nara, filha de um advogado e uma
professora de Vitória (ES) que
se transferiram para o Rio
quando ela ainda nem completara um ano de idade.
Educadas com muita liberdade, Nara e a irmã Danuza podiam receber os amigos em casa a qualquer hora, facilidade
que transformou o confortável
apartamento da família na avenida Atlântica em ponto de encontro de muitos dos primeiros
compositores e instrumentistas da bossa nova.
Além de Menescal e Lyra, outros músicos jovens freqüentavam essas reuniões diárias, como os pianistas Luiz Eça e Luiz
Carlos Vinhas, o flautista Bebeto Castilho e o letrista Ronaldo
Bôscoli, que logo se tornou namorado de Nara.
Em comum, todos eles tinham o interesse pelo que havia de mais moderno na música
popular da época, tanto a que
era produzida no Brasil como a
dos Estados Unidos.
Tempero de bossa
O sorriso doce e tímido de
Nara Leão escondia uma mulher corajosa, que se perfilou
com a esquerda após o golpe
militar de abril de 1964. Ao integrar o engajado musical "Opinião", encenado no Teatro de
Arena, no Rio, ela irritou os militares, não só por interpretar a
incendiária canção "Carcará"
(de João do Vale), mas também
pela rebeldia de suas declarações à imprensa.
No CD que acompanha o sexto volume da Coleção Folha,
Nara canta alguns clássicos do
gênero musical, como "Tristeza
de Nós Dois" (de Durval Ferreira e Maurício Einhorn), "Insensatez" (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) e "O Barquinho" (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli).
A cantora também interpreta
duas canções norte-americanas em versões com tempero
de bossa nova: "How About
You" (de Burton Lane e Ralph
Freed), que foi rebatizada de
"Eu Gosto Mais do Rio"; e "My
Foolish Heart" (de N. Washington e V. Young), que virou
"Descansa Coração".
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