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Anderson une pop e política
Com show hoje e amanhã em SP, cantora defende Obama e discursa sobre como "salvar o mundo'
Casada com Lou Reed, artista faz trabalho ligado aos anos 80, com poesia sci-fi de William Burroughs e influências de John Cage
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 5.000 anos, o homem poderá transferir toda a indústria
para Marte e a superfície lunar.
Com maior controle sobre a população, a Terra voltaria ao estado de jardim do Éden. Não
são previsões de nenhum cientista, mas de Laurie Anderson,
que também acha que animais
cuspidores de fogo poderiam
substituir o uso de combustíveis fósseis para acender fogões
nas cozinhas terráqueas.
O novo disco da cantora-artista-performer, "Homeland",
cujas faixas ela apresenta em
shows hoje e amanhã no Sesc
Pinheiros, em São Paulo, vem
carregado desse discurso um
tanto bizarro, bastante desesperado para salvar o mundo.
Ela é casada com Lou Reed,
do Velvet Underground, e trouxe a poesia sci-fi de William
Burroughs para o mundo da
música, além de ter dirigido o
clássico cult "Home of the Brave", juntando artes visuais e o
mundo pop. Foi a primeira artista residente da Nasa e, depois de conhecer laboratórios
espaciais e jatos propulsores
ultrapotentes, ela quis voltar ao
jardim do Éden. "Mas os chineses dizem que são donos da
lua", ela diz. "E isto é um problema."
Enquanto essa questão não
se resolve, Anderson está trabalhando na campanha presidencial de Barack Obama. Ela
liga para possíveis eleitores e
ajuda a arrecadar fundos. "A arte tem ferramentas muito afiadas, a música é capaz de convencer pessoas a fazerem as
coisas", diz Anderson à Folha.
"Mas não faço um show para
Obama porque é muito século
19 achar que arte pode fazer o
mundo um lugar melhor."
Mundo privatizado
Mais politizada do que nunca
em "Homeland", Anderson
afirma que o novo disco é sobre
"o que significa viver num
mundo em que tudo foi privatizado". "A Guerra do Iraque, as
prisões americanas são controladas por empresas privadas",
ataca Anderson. "Estou tentando enxergar o mundo pelos filtros da guerra e do amor."
Mas isso ela faz sem mudar
muito o estilo. Apesar da nova
tecnologia que emprega nos
shows, dos samples e sets de
DJ, sua música continua presa
aos anos 80, com sintetizadores
marcados. É a impressão que se
tem, por exemplo, ao ouvir seu
clássico "Language Is a Virus
from Outer Space" e a atual
"The Lost Art of Conversation", que devem muito à influência de Burroughs e do músico experimental John Cage.
No novo repertório, Cage
continua uma referência.
Quando o conheceu, já octogenário, ela lembra que o perguntou se o mundo estava ficando
melhor ou pior. "Ele não hesitou e disse que com certeza estava melhor, me deu uma felicidade absurda."
LAURIE ANDERSON
Quando: hoje e amanhã, às 21h
Onde: Sesc Pinheiros (r. Paes Leme,
195, tel. 0/ xx/11/3095-9400)
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 7 anos
Quanto: R$ 40
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