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CRÍTICA NOVELA
"Roque Santeiro" tematizou redemocratização brasileira
BIA ABRAMO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Roque Santeiro" talvez
seja o clímax da teledramaturgia dos anos 70/80. Começa com uma boa história: em
1965, Dias Gomes escreve a
peça "O Berço do Herói". Dez
anos depois, já na Globo, a
peça tornou-se novela.
Mas era 1975 e a censura
viu ataques à dignidade da
igreja no roteiro. Com 30 capítulos prontos, a primeira
versão não foi exibida.
Nas franjas da abertura
política, em 1985, a novela,
enfim, vai ao ar.
Em linhas gerais, a história
é a mesma: uma cidade do
Nordeste vive em torno dos
milagres atribuídos a Roque
Santeiro, artesão que teria
dado a vida para defender a
igreja dos bandidos.
Mas ele volta e ameaça os
poderosos: o prefeito, o padre, o comerciante de santos
e medalhas e, claro, a viúva
que foi sem nunca ter sido.
Dois elementos concorrem
para que "Roque" seja considerado um dos maiores êxitos da Globo: fala-se em audiência média de 67 pontos
no Ibope -98 no final.
A novela tematizava os desafios da redemocratização
de maneira aguda: o que sobrava após os militares? O
Brasil arcaico agonizava e já
ia tarde, com sua ingenuidade miserável, mas o Brasil
moderno tinha de ser prepotente como Sinhozinho Malta, mentiroso como Porcina
ou ambíguo como Roque?
Nem toda a pertinência
adiantaria se a novela não
fosse extremamente competente. O tal padrão Globo de
qualidade, aqui centrado no
tripé direção de atores, atuação e diálogos, poucas vezes
chegou a esse nível de acerto.
Olhando agora, algumas
precariedades saltam, mas o
resto é tão melhor ao que se
faz hoje que é de se perguntar
como é que se desaprendeu
tanto na emissora.
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AVALIAÇÃO ótimo
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