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São Paulo, domingo, 05 de outubro de 2003

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MÚSICA

ROCK

Em entrevista, o vocalista Fran Healy fala sobre os caminhos seguidos pelo grupo no mais recente disco, "12 Memories"

Travis retorna político e "para as massas"

THIAGO NEY
DA REDAÇÃO

Música para as massas. É para o grande público, para ser cantado em uníssono nos shows de estádios, que o Travis, grupo escocês de baladas açucaradas, construiu "12 Memories", seu quarto e mais recente álbum.
E foi por isso que a banda -embora não assuma diretamente- dispensou os serviços de Nigel Godrich, o homem que produziu os últimos discos do Radiohead e que havia dado uma mão nos dois CDs anteriores do grupo, com toques progressivos e algumas experimentações.
Sem Godrich, agora menos romântico e mais político. "12 Memories", com lançamento previsto para o próximo dia 12, marca a chegada de um novo Travis. "Definitivamente, há uma nova temática. Queríamos mudar algumas coisas. Realmente não há tantas canções de amor. Mas há paixão em nossa música, a paixão que nos fez montarmos a banda", diz o líder e vocalista Fran Healy, 31, por telefone, à Folha.
A verve política aparece em canções como "Peace the Fuck Out" e "Beautiful Occupation" -a primeira, sobre atentados, Iraque etc; a segunda foi parida no dia da marcha antiguerra que tomou Londres no ano passado.
"Sim, é mais político. Digo, não me acho um meteorologista por ter feito "Why Does It Always Rain on me" [Por que Sempre Chove em Mim?, megahit do segundo disco, "The Man Who", de 99]... Algumas de nossas últimas canções lidam com questões políticas. Tony Blair tomou a decisão errada ao apoiar os EUA na Guerra do Iraque. Mas ele tem sorte, pois não há no Reino Unido ninguém que tenha carisma para ameaçar o seu posto."

"Banda do povo"
O Travis apareceu e estourou logo de cara com o primeiro álbum, "Good Feeling" (97). O quarteto se estabeleceu de vez entre os maiores com "The Man Who". Era um rock clássico, apoiado nas guitarras e nos vocais em primeiro plano. Já "The Invisible Band" (01), a segunda parceria com Godrich, estagnou a banda; não empolgou. Daí a insatisfação com o produtor.
"Comparavam-nos com o Radiohead. Acho que o Radiohead é uma antítese do que o Travis é. O Travis é e sempre será uma "banda do povo". Radiohead foi uma banda desse tipo, mas eles trilharam um caminho mais artístico, deixaram as pessoas confusas", afirma Healy, sobre a direção eletrônica tomada pelo grupo de Thom Yorke. "É boa música, mas não é para as massas, é para um número limitado de pessoas que gostam de barulhos e coisas do tipo. Não me identifico mais com eles."
Outro fator -não menos importante- que ajudou a gerar esse novo Travis foi um acidente sofrido pelo baterista Neil Primrose em julho do ano passado (o músico fraturou a costela ao cair numa piscina em um hotel de Paris e quase ficou tetraplégico). "Após esse desastre, não sabíamos se continuaríamos juntos."
Uma característica que este Travis 2003 ainda conserva, segundo Healy, são os pés no chão. "Não acreditamos nesse estilo "mau" dos rockstars. Gosto de chegar em casa, sentar no sofá e tomar uma boa xícara de chá."

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