São Paulo, sexta-feira, 05 de novembro de 2004

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CINEMA/CRÍTICA

"TÁXI"

Filme é só veículo para Gisele

Divulgação
Gisele Bündchen (de branco) e a gangue de ladras brasileiras do filme "Táxi", que estréia hoje


INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

"Táxi", ninguém duvida, é um filme cuja celebridade deve-se à presença de Gisele Bündchen no elenco. No entanto, Gisele não é solicitada a fazer, nesta sua estréia cinematográfica, quase nada do que já não tenha feito num anúncio de televisão.
Não que ela seja uma figurante -tem o segundo papel feminino-, mas dirigir um carro e dizer meia dúzia de frases não chegam para uma atuação inesquecível.
No entanto, o inegável carisma está lá. Basta aparecer na tela e o olhar se dirige para ela. É de uma elegância enorme e a utiliza, no caso, para impor um certo vigor em suas ações (trata-se de uma pessoa violenta, em princípio) -o que funciona inteiramente.
O filme, se não chega a consagrar ninguém, também não fecha nenhum caminho. Sem trocadilho. Pois "Táxi" nada é senão uma questão de abrir caminhos em princípio fechados.
Esta é a perspectiva de Belle (Queen Latifa), uma ex-motogirl que, após quebrar todos os recordes de velocidade no setor, pretende dirigir seu carro da mesma maneira como fazia com a moto. Ganhar a vida é seu problema imediato, e para isso tem toda disposição. A longo prazo, seu plano consiste em dirigir um carro de corrida.
Belle terá por companhia um policial desastrado, incompetente, honesto e esforçado, Washburn (Jimmy Fallon). E como este é uma negação também ao volante, acabam formando uma dupla no combate a uma gangue de assaltantes (liderada por Gisele).
Dito isso, há pouco a acrescentar. Não há nem razão para nos ofendermos pelo fato de as assaltantes serem brasileiras (uma das garotas fala com sotaque português, mas tudo bem): se Gisele fosse de Moçambique, a gangue seria moçambicana e assim por diante.
Digamos, então que, para resumir, ao longo dos quase 100 minutos de filme é possível dar duas boas risadas e meia-dúzia de risadas discretas. O resto do tempo acaba-se sorrindo amarelo, quase de constrangimento pela pouca originalidade do roteiro, pela perda de "timing" nas "gags" visuais, pela pouca densidade da proposta do filme.
Para resumir, é como se Latifah fizesse uma Whoopi Goldberg mais pesada, porém não menos ágil, e como se Fallon fosse a Pantera Cor-de-Rosa feita não por Peter Sellers, mas por um sujeito sem graça como Dudley Moore.
"Táxi" é o tipo do filme que se pode esperar para ver em DVD. Ou, melhor ainda, em televisão.


Táxi
Taxi

 
Produção: EUA/França, 2004
Direção: Tim Story
Com: Queen Latifah, Gisele Bündchen e Jimmy Fallon
Quando: hoje no Cine Morumbi, Iguatemi e circuito



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