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CINEMA/CRÍTICA
"TÁXI"
Filme é só veículo para Gisele
Divulgação
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Gisele Bündchen (de branco) e a gangue de ladras brasileiras do filme "Táxi", que estréia hoje |
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
"Táxi", ninguém duvida, é
um filme cuja celebridade
deve-se à presença de Gisele
Bündchen no elenco. No entanto,
Gisele não é solicitada a fazer, nesta sua estréia cinematográfica,
quase nada do que já não tenha
feito num anúncio de televisão.
Não que ela seja uma figurante
-tem o segundo papel feminino-, mas dirigir um carro e dizer
meia dúzia de frases não chegam
para uma atuação inesquecível.
No entanto, o inegável carisma
está lá. Basta aparecer na tela e o
olhar se dirige para ela. É de uma
elegância enorme e a utiliza, no
caso, para impor um certo vigor
em suas ações (trata-se de uma
pessoa violenta, em princípio)
-o que funciona inteiramente.
O filme, se não chega a consagrar ninguém, também não fecha
nenhum caminho. Sem trocadilho. Pois "Táxi" nada é senão uma
questão de abrir caminhos em
princípio fechados.
Esta é a perspectiva de Belle
(Queen Latifa), uma ex-motogirl
que, após quebrar todos os recordes de velocidade no setor, pretende dirigir seu carro da mesma
maneira como fazia com a moto.
Ganhar a vida é seu problema
imediato, e para isso tem toda disposição. A longo prazo, seu plano
consiste em dirigir um carro de
corrida.
Belle terá por companhia um
policial desastrado, incompetente, honesto e esforçado, Washburn (Jimmy Fallon). E como este
é uma negação também ao volante, acabam formando uma dupla
no combate a uma gangue de assaltantes (liderada por Gisele).
Dito isso, há pouco a acrescentar. Não há nem razão para nos
ofendermos pelo fato de as assaltantes serem brasileiras (uma das
garotas fala com sotaque português, mas tudo bem): se Gisele
fosse de Moçambique, a gangue
seria moçambicana e assim por
diante.
Digamos, então que, para resumir, ao longo dos quase 100 minutos de filme é possível dar duas
boas risadas e meia-dúzia de risadas discretas. O resto do tempo
acaba-se sorrindo amarelo, quase
de constrangimento pela pouca
originalidade do roteiro, pela perda de "timing" nas "gags" visuais,
pela pouca densidade da proposta
do filme.
Para resumir, é como se Latifah
fizesse uma Whoopi Goldberg
mais pesada, porém não menos
ágil, e como se Fallon fosse a Pantera Cor-de-Rosa feita não por Peter Sellers, mas por um sujeito
sem graça como Dudley Moore.
"Táxi" é o tipo do filme que se
pode esperar para ver em DVD.
Ou, melhor ainda, em televisão.
Táxi
Taxi
Produção: EUA/França, 2004
Direção: Tim Story
Com: Queen Latifah, Gisele Bündchen e Jimmy Fallon
Quando: hoje no Cine Morumbi,
Iguatemi e circuito
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