São Paulo, quarta-feira, 05 de novembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

crítica

Disco faz Zé rimar com Gilberto

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

T om Zé e bossa nova formam uma dupla como água e óleo, não se misturam. Será? Se lembrarmos que já em 1976 ele gravava uma versão minimalista de "A Felicidade", não soa tão absurdo encontrar conexões entre a chamada "sofisticação" da bossa e o caos sonoro de Tom.
Este desconcertante "Estudando a Bossa" dá a impressão de completar uma "trilogia dos estudos", afinal segue analisando um gênero que tem raízes no samba. Mas, enquanto os dois primeiros discos questionavam estilos que de certa forma andavam mal das pernas, "Bossa" pega o gênero em novo momento de apogeu -mas quem ainda agüenta as comemorações dos 50 anos?
O disco é mais radiografia musical e biográfica, seja em letras seja na incorporação de clichês. "Rio Arrepio (Badá-Badi)" capricha no vocal estilo Os Cariocas; o clima onírico do Rio dos anos 50 e as musas que cantam docemente permeiam as faixas, como "Barquinho Herói".
Em "João nos Tribunais", Tom vê o nascimento do gênero e ri dos detratores; musicalmente, tenta cantar baixinho -algo impossível para alguém com vozeirão indomável.
Desafinado? Desritmado? É de João ou de si mesmo que Tom Zé fala? É como se o eterno rejeitado finalmente entrasse pela porta da frente nesse território sagrado. Ele não tenta recriar um gênero; o máximo que surge é uma bossa torta, genial e contraditória -adjetivos que sintetizam e consagraram Tom Zé.


ESTUDANDO A BOSSA - NORDESTE PLAZA
Artista: Tom Zé
Lançamento: Biscoito Fino
Quanto: R$ 28,90
Avaliação: bom



Texto Anterior: Música: Tom Zé se rende à bossa nova
Próximo Texto: Frase
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.