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CRÍTICA DRAMA
"Ondine" encanta com belas imagens e atmosfera mágica
ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA
Neil Jordan sempre teve
um pé na fantasia e um outro
em sua Irlanda natal.
Seus filmes, embora de gêneros diferentes (suspense,
policial, drama), tratam de
um mundo lúdico e misterioso, como "A Companhia dos
Lobos" (1984) ou "Entrevista
com o Vampiro" (1994).
Jordan também nunca
abandonou a Irlanda. Vez
por outra, conta alguma história com sabor local, como
em "À Procura do Destino"
(1991), "Traídos pelo Desejo"
(1992), "Nó na Garganta"
(1997) e "Café da Manhã em
Plutão" (2005).
"Ondine", mais recente filme de Jordan, reúne estas
duas características de seu
cinema: um gosto pela fantasia e uma história tirada diretamente do folclore irlandês.
Colin Farrell faz Syracuse,
um pescador e ex-alcoólatra
que encontra presa em sua
rede uma mulher deslumbrante (Alicja Bachleda).
A moça não lembra seu nome nem de onde veio, mas
pede para ser chamada de
"Ondine".
A filha de Syracuse, Annie
(Allison Barry), diz acreditar
que a moça seja uma "silkie",
uma foca com a habilidade
de viver por tempos entre os
humanos, metamorfoseada
em um deles e geralmente arrebatando o coração de algum pobre coitado.
O mistério aumenta quando um homem enigmático
surge e passa a perseguir Ondine. E aí o filme, infelizmente, perde parte do encanto.
"Ondine" não está entre os
maiores momentos da carreira de Neil Jordan, mas vale
pela beleza das imagens de
Christopher Doyle (cultuado
por seu trabalho com Wong
Kar-wai e Gus van Sant), por
uma bonita atmosfera de realismo mágico e, principalmente, pela empatia do espectador com o personagem
de Colin Farrell, em um de
seus melhores papéis.
Longe da imagem do "bad
boy" que cultivou em Hollywood, Farrell está no meio de
uma ressurreição em sua carreira, depois de participações memoráveis em filmes
como "O Mundo Imaginário
do Doutor Parnassus" e "Coração Louco".
No papel do melancólico
Syracuse, ele mostra que
também tem seu lado sensível. Os brutos, afinal, também amam.
ONDINE
DIREÇÃO Neil Jordan
PRODUÇÃO Irlanda/EUA, 2010
COM Colin Farrell, Alicja Bachleda
ONDE nos cines Lumière Playarte,
Reserva Cultural e circuito
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO bom
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