São Paulo, sexta-feira, 05 de novembro de 2010

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CRÍTICA DRAMA

"Ondine" encanta com belas imagens e atmosfera mágica

ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

Neil Jordan sempre teve um pé na fantasia e um outro em sua Irlanda natal.
Seus filmes, embora de gêneros diferentes (suspense, policial, drama), tratam de um mundo lúdico e misterioso, como "A Companhia dos Lobos" (1984) ou "Entrevista com o Vampiro" (1994).
Jordan também nunca abandonou a Irlanda. Vez por outra, conta alguma história com sabor local, como em "À Procura do Destino" (1991), "Traídos pelo Desejo" (1992), "Nó na Garganta" (1997) e "Café da Manhã em Plutão" (2005).
"Ondine", mais recente filme de Jordan, reúne estas duas características de seu cinema: um gosto pela fantasia e uma história tirada diretamente do folclore irlandês. Colin Farrell faz Syracuse, um pescador e ex-alcoólatra que encontra presa em sua rede uma mulher deslumbrante (Alicja Bachleda).
A moça não lembra seu nome nem de onde veio, mas pede para ser chamada de "Ondine".
A filha de Syracuse, Annie (Allison Barry), diz acreditar que a moça seja uma "silkie", uma foca com a habilidade de viver por tempos entre os humanos, metamorfoseada em um deles e geralmente arrebatando o coração de algum pobre coitado.
O mistério aumenta quando um homem enigmático surge e passa a perseguir Ondine. E aí o filme, infelizmente, perde parte do encanto.
"Ondine" não está entre os maiores momentos da carreira de Neil Jordan, mas vale pela beleza das imagens de Christopher Doyle (cultuado por seu trabalho com Wong Kar-wai e Gus van Sant), por uma bonita atmosfera de realismo mágico e, principalmente, pela empatia do espectador com o personagem de Colin Farrell, em um de seus melhores papéis.
Longe da imagem do "bad boy" que cultivou em Hollywood, Farrell está no meio de uma ressurreição em sua carreira, depois de participações memoráveis em filmes como "O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus" e "Coração Louco".
No papel do melancólico Syracuse, ele mostra que também tem seu lado sensível. Os brutos, afinal, também amam.

ONDINE

DIREÇÃO Neil Jordan
PRODUÇÃO Irlanda/EUA, 2010
COM Colin Farrell, Alicja Bachleda
ONDE nos cines Lumière Playarte, Reserva Cultural e circuito
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO bom


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