São Paulo, sábado, 05 de novembro de 2011

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"Nunca sei se escreverei de novo", diz poeta

Duas vezes premiada antes do 1º livro, Ana Martins Marques lança hoje seu 2º título

Divulgação
Ana Martins Marques, que lança ‘Da Arte das Armadilhas’

FRANCESCA ANGIOLILLO
EDITORA-ADJUNTA DA ILUSTRADA

Poeta; de Minas Gerais; do signo de Escorpião; trabalha no funcionalismo público.
Não é Carlos, como seu ilustre semelhante Drummond, mas Ana Martins Marques. E lança hoje, em Belo Horizonte, seu segundo livro, "Da Arte das Armadilhas".
Ao contrário do famoso antecessor, ela não renegou seu primeiro livro. Mas diz que, depois de "A Vida Submarina" (2009), ficou sem escrever. E sem saber se o faria.
"Alterno períodos em que escrevo quase diariamente com longos períodos em que não escrevo nada. Logo depois de publicar 'A Vida Submarina', passei por um desses períodos. Nunca sei então se serei capaz de escrever novamente", conta à Folha.
Quando saiu, "A Vida Submarina" reunia uma seleta de toda a produção da jovem autora, à altura já reconhecida duas vezes, em 2007 e 2008, com o Prêmio Cidade de Belo Horizonte de Literatura (que, criado por decreto em 1947 e suspenso neste ano, era o mais antigo do país).
Hoje, aos quase 34 anos, que completa na segunda-feira, ela repassa o intervalo entre os dois títulos de uma carreira que, de certo modo, nasceu na infância ("as atividades de leitura e escrita começaram juntas para mim e ainda hoje são indissociáveis").
"Não sinto que houve uma grande ruptura entre 'Da Arte das Armadilhas' e 'A Vida Submarina'. Há mesmo algumas recorrências, como a temática da casa, a imagem do corpo e do mar, tentativas de aproximação com as artes visuais, o diálogo com outros textos e autores", descreve.
Em ambos os livros, está presente a investigação da palavra, em exercícios metalinguísticos. E, fortemente, a lírica amorosa, "frequentemente atravessada pela ironia, ou articulada com uma dimensão metalinguística".
Dimensão essa que ela explica, com a propriedade de quem aborda as letras também do ponto de vista da universidade -no seu caso, a Federal de Minas Gerais.
"A escrita e a leitura são sempre uma espécie de jogo amoroso, um endereçamento, mesmo que para ninguém", reflete.
"Um texto está sempre em busca de um 'tu' ou de um 'você' a quem se endereçar. Por isso é possível dizer, como está dito num poema do meu primeiro livro, que 'todos os poemas são de amor'."
O seu "tu" não está na internet. Ou ao menos não por iniciativa dela, que acredita, porém, que a rede "vem alterando significativamente o modo de divulgar e de comentar a literatura".
"Acho que a poesia, por sua tendência à concisão, por sua força imagética, presta-se até melhor do que outros gêneros à circulação pela internet", pondera.
Sobre o leitor real que a aguarda nas livrarias a partir de hoje, contudo, ela tenta não tecer expectativas.
"O primeiro livro teve uma repercussão para mim surpreendente. Muitas pessoas me procuraram para comentar sua leitura. Se aprendi alguma coisa com sua publicação, foi que é impossível antecipar a recepção."

DA ARTE DAS ARMADILHAS
AUTORA Ana Martins Marques
EDITORA Companhia das Letras
QUANTO R$ 33 (88 págs.)
LANÇAMENTO hoje, às 11h, na livraria Scriptum (r. Fernandes Tourinho, 99, Funcionários, tel. 0/xx/31/3223-1789)

Leia a íntegra da entrevista
folha.com/no1001408



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