São Paulo, sábado, 05 de novembro de 2011

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Fama de encrenqueiro atrapalha lançamento de livro de Mirisola

"Charque", que sai agora, dá sequência a "Azul do Filho Morto", obra de 2002

JOSÉLIA AGUIAR
COLUNISTA DA FOLHA

"Charque", novo livro de Marcelo Mirisola, é uma continuação de "Azul do Filho Morto" (2002), apontado por escritores e resenhistas como a melhor entre suas 12 obras.
Na década que separa os dois livros, o autor apareceu mais na web e na imprensa por fanfarras e polêmicas.
Tantas que afastaram colegas, curadores e críticos e o tornaram difícil de tratar até em reportagens.
"Mirisola equivale àquele tio que adora mostrar o cofrinho peludo nas festinhas de aniversário", define Joca Terron, o único que aceitou fazer críticas às claras.
"Não li o novo livro, mas ele parece ter parado em 'Azul'. Os mais recentes, assim como as entrevistas, por sua ingenuidade e ressentimento, me causam profunda vergonha alheia."
O curioso é que "Charque" não começa onde "Azul" terminou, mas onde "Azul" começou, como declara o autor nas primeiras páginas. Sai de cena o encrenqueiro, e o escritor é devolvido?
"Leitores confundirem personagem com autor é mérito meu como escritor", diz Mirisola por e-mail, preocupado se as frases seriam deturpadas.
A exposição o prejudicou? "De que exposição você fala? Eu não sou convidado nem para quermesse de igreja. Fico em casa, isolado, trabalhando honestamente, enquanto as raposas se refestelam no galinheiro chamado literatura brasileira."
Para alguém que já coleciona tantos desafetos, até que Mirisola tem merecido vários elogios públicos. Reinaldo Moraes e Marcelo Rubens Paiva elogiaram o novo livro.
Marcelino Freire diz que morre de rir com tudo isso.
"Mirisola já falou mal de mim em blog, em livro, direta e indiretamente, já condenou o meu Jaburu, o meu Jabuti, já me chamou de Pavão Cabeçudo. Ele não me atinge. A sua literatura, sim, me atinge. Quero saber o que o Mirisola aprontou, como está avançando a sua literatura."
Escritor em busca de uma resenha e que não quer mais ser personagem de um perfil, Mirisola será em breve retratado num livro infantil.
"Teco, o Garoto que Não Fazia Aniversário" foi escrito por Furio Lonza e ilustrado por André Berger.
Será um "Pequeno Nicolau" às avessas, como explica o editor, Pedro Galé, da Barcarolla.

CHARQUE
AUTOR Marcelo Mirisola
EDITORA Barcarolla
QUANTO R$ 38 (224 págs.)


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