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CRÍTICA
Álbum é mesmo dos jovens, Maria Rita à frente de todos
DO ENVIADO AO RIO
É de incomum nobreza o gesto de Milton Nascimento de
se encolher em "Pietá" para dar
vazão a toda uma gama de artistas
jovens, muitas vezes díspares uns
dos outros.
O gesto bate e volta no próprio
Milton, que há muitos discos e
shows não exibia o vigor criativo
que aparece aqui, não só em canções da moçada, mas também em
parcerias clássicas como a da fina
"A Feminina Voz do Cantor" (dele com Fernando Brant).
Mas não é hora de esses ocuparem a boca de cena. "Pietá" é mesmo dos jovens, como fica claro já
de início, na corpulenta "Casa
Aberta", cantada com Marina
Machado e co-composta pelo
parceiro dela Flávio Henrique.
E, sem que isso implique demérito a Marina e Simone Guimarães, Milton sabe perfeitamente o
quilate do que segura agora pela
mão. "Pietá" poderia atender pelo
nome de Lília, Ângela Maria, Elis,
"Maria, Maria" (canção dele que
Elis eternizou). Mas não, ela se
chama Maria Rita Mariano.
Milton sabe que deu duas canções sensacionais à afilhada.
"Tristesse" (dele e de Telo Borges)
tem impregnadas em seus poros
dor e saudade de alguém que se
foi. "Voa, Bicho" (de Telo e Márcio Borges) desvela alegremente
libertação, como se o "Assum
Preto", de Luiz Gonzaga, fosse
solto da gaiola em chão mineiro.
Em Maria Rita, são cantadas
com a força emotiva certeira de
Elis e sem a carga dramática excessiva de Elis; com a sinceridade
que Elis sempre desfibrou e com a
leveza humorada que Elis nunca
alcançou. Há algo novo no ar, e
não são os aviões da Panair.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
Pietá
Artista: Milton Nascimento
Lançamento: Warner
Quanto: R$ 27, em média
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