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FESTIVAL
Evento mapeia a cena indie nacional com 15 bandas de todo o país, mostrando de surf music a pós-rock e hip hop
Upload fala as línguas independentes
DIEGO ASSIS
LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Aos poucos e aos trancos São
Paulo vai entendendo um significado mais amplo para a palavra
independente. Para estar na segunda edição do Festival Upload,
que se realiza de hoje a sábado na
Choperia do Sesc Pompéia, não
basta a filosofia do "do it yourself"
(faça você mesmo). O indie tem
agora que seguir a cartilha de um
certo "profissionalismo".
Seja punk (Forgotten Boys), seja
pop (Los Hermanos), seja alternativa (Pullovers), seja doida (Os
Mulheres Negras), o que marca
esse Upload número 2 é a ousadia
de colocar em um palco bom,
com som bom, boa iluminação e
boa acomodação para seu público
um montante de 15 bandas das
mais variadas tendências e "fama" indie, craques na função de
tocar, gravar, tocar, gravar, tocar
-mesmo que esse tocar seja em
palcos de quatro metros de altura
ou debaixo de uma escada.
Dentre as atrações do Upload
2002, a Ilustrada chama a atenção
para três bandas em especial.
Los Pirata (SP)
Banda improvável de surf punk
blues pop com três figuras esquisitas (um careca, um barbudo e
um cabeludo) que assumem personalidades hispânicas e entram
no palco com uma luxuosa guitarra Fender e uma bateria... infantil.
Assim dá para definir rapidamente o trio paulistano Los Pirata, uma das mais vigorosas apresentações ao vivo da cena indie
nacional. Se em uma primeira
olhada a banda parece ser adepta
do rock "engraçadinho", na verdade o que sai dos instrumentos
dos Los Pirata é coisa muito séria.
De vocal debochadamente em
castelhano, a banda imprime um
excelente repertório bem tocado
de músicas que resvalam em Pixies e Beatles. Se o White Stripes
conhecesse Loco Sosa, Jesus Sanches e Paco Garcia, certamente os
convidariam para abrir seu show.
O Los Pirata abre o festival, hoje
às 20h50. Chegue cedo.
Svetlana (PR)
Tem também a turma do banquinho. Não exatamente para os
músicos em cima do palco, mas
para a galera que quiser apreciar
simplesmente uma... boa música.
A curitibana Svetlana, que toca
hoje entre os inclassificáveis Objeto Amarelo e Cidadão Instigado, é
um bom exemplo: acompanhada
de piano, acordeon, baixo e violoncelo a dupla Luiz Henrique Pellanda e Edith Camargo mergulha
fundo na fossa de Velvet Underground, Nick Cave, Kurt Weill e
Tindersticks, cantando em inglês
e francês. Show para ver e ouvir.
"Não sabemos qual vai ser a reação do público", confessa Camargo, 34, nascida na Suíça e "formada em Brasil" pelo Conservatório
de MPB de Curitiba. "Não acompanho o mundo do pop, mas adoro qualquer boa música."
Violins and Old Books (GO)
Com um pouco mais de guitarras, há os goianos do Violins and
Old Books. Carregando no romantismo literário e nas influências do pós-rock, a banda faz a
apresentação de abertura dos
shows de amanhã. Calouros em
SP, mas bem conhecidos em
Goiânia -foram eleitos a banda
revelação do Goiânia Noise do
ano passado-, os Violins não só
enfrentam o público daqui pela
primeira vez como o fazem com
um repertório totalmente novo:
dão de ombros às faixas em inglês
de seu CD demo "Wake Up and
Dream" e apostam em composições recém-criadas cantadas em
português. "Acho que não fizemos nem a metade do que poderíamos no primeiro CD. Queremos atingir mais gente", diz Beto
Cupertino, 23, vocal e guitarra da
banda, influenciada pelo som de
Mogwai, Sigur Rós e Radiohead.
Multimídia
Paralelamente às apresentações,
o Upload escalou um time de artistas gráficos para transferir ao
papel a sonoridade dessas das
bandas. Assim, Clayton Jr. ouve/
pinta o Cachorro Grande; Fábio
Zimbres cobre Los Pirata; Guilherme Caldas encara o Cidadão
Instigado e assim por diante. Mais
em www.festivalupload.com.br.
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