São Paulo, quinta-feira, 05 de dezembro de 2002

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FESTIVAL

Evento mapeia a cena indie nacional com 15 bandas de todo o país, mostrando de surf music a pós-rock e hip hop

Upload fala as línguas independentes

DIEGO ASSIS
LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Aos poucos e aos trancos São Paulo vai entendendo um significado mais amplo para a palavra independente. Para estar na segunda edição do Festival Upload, que se realiza de hoje a sábado na Choperia do Sesc Pompéia, não basta a filosofia do "do it yourself" (faça você mesmo). O indie tem agora que seguir a cartilha de um certo "profissionalismo".
Seja punk (Forgotten Boys), seja pop (Los Hermanos), seja alternativa (Pullovers), seja doida (Os Mulheres Negras), o que marca esse Upload número 2 é a ousadia de colocar em um palco bom, com som bom, boa iluminação e boa acomodação para seu público um montante de 15 bandas das mais variadas tendências e "fama" indie, craques na função de tocar, gravar, tocar, gravar, tocar -mesmo que esse tocar seja em palcos de quatro metros de altura ou debaixo de uma escada.
Dentre as atrações do Upload 2002, a Ilustrada chama a atenção para três bandas em especial.

Los Pirata (SP)
Banda improvável de surf punk blues pop com três figuras esquisitas (um careca, um barbudo e um cabeludo) que assumem personalidades hispânicas e entram no palco com uma luxuosa guitarra Fender e uma bateria... infantil.
Assim dá para definir rapidamente o trio paulistano Los Pirata, uma das mais vigorosas apresentações ao vivo da cena indie nacional. Se em uma primeira olhada a banda parece ser adepta do rock "engraçadinho", na verdade o que sai dos instrumentos dos Los Pirata é coisa muito séria.
De vocal debochadamente em castelhano, a banda imprime um excelente repertório bem tocado de músicas que resvalam em Pixies e Beatles. Se o White Stripes conhecesse Loco Sosa, Jesus Sanches e Paco Garcia, certamente os convidariam para abrir seu show.
O Los Pirata abre o festival, hoje às 20h50. Chegue cedo.

Svetlana (PR)
Tem também a turma do banquinho. Não exatamente para os músicos em cima do palco, mas para a galera que quiser apreciar simplesmente uma... boa música.
A curitibana Svetlana, que toca hoje entre os inclassificáveis Objeto Amarelo e Cidadão Instigado, é um bom exemplo: acompanhada de piano, acordeon, baixo e violoncelo a dupla Luiz Henrique Pellanda e Edith Camargo mergulha fundo na fossa de Velvet Underground, Nick Cave, Kurt Weill e Tindersticks, cantando em inglês e francês. Show para ver e ouvir.
"Não sabemos qual vai ser a reação do público", confessa Camargo, 34, nascida na Suíça e "formada em Brasil" pelo Conservatório de MPB de Curitiba. "Não acompanho o mundo do pop, mas adoro qualquer boa música."

Violins and Old Books (GO)
Com um pouco mais de guitarras, há os goianos do Violins and Old Books. Carregando no romantismo literário e nas influências do pós-rock, a banda faz a apresentação de abertura dos shows de amanhã. Calouros em SP, mas bem conhecidos em Goiânia -foram eleitos a banda revelação do Goiânia Noise do ano passado-, os Violins não só enfrentam o público daqui pela primeira vez como o fazem com um repertório totalmente novo: dão de ombros às faixas em inglês de seu CD demo "Wake Up and Dream" e apostam em composições recém-criadas cantadas em português. "Acho que não fizemos nem a metade do que poderíamos no primeiro CD. Queremos atingir mais gente", diz Beto Cupertino, 23, vocal e guitarra da banda, influenciada pelo som de Mogwai, Sigur Rós e Radiohead.

Multimídia
Paralelamente às apresentações, o Upload escalou um time de artistas gráficos para transferir ao papel a sonoridade dessas das bandas. Assim, Clayton Jr. ouve/ pinta o Cachorro Grande; Fábio Zimbres cobre Los Pirata; Guilherme Caldas encara o Cidadão Instigado e assim por diante. Mais em www.festivalupload.com.br.


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