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TELEVISÃO
Custos "fechados" também explicam escolha por "Esmeralda", oitava produção em parceria com a Televisa
SBT faz remake de novela mexicana que exibiu em 2000
ISABELLE MOREIRA LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
Bebês trocados minutos depois
do nascimento, amores proibidos
e uma mocinha sofrida. A história
parece familiar? Para os fãs de novelas mexicanas deve ser. Além
dos clichês, óbvios para qualquer
um, a trama foi conhecida em
2000, quando a novela "Esmeralda", da emissora mexicana Televisa, foi exibida pelo SBT. Graças
a um acordo feito entre as duas
emissoras, "Esmeralda" agora
poderá ser conhecida por mais
gente: um remake brasileiro tem
estréia marcada para amanhã.
Às 20h30, o telespectador do
SBT vai assistir ao drama da menina supostamente órfã, bonita,
romântica e cega que quer conhecer o amor. A história começa há
20 anos, quando duas mulheres
deram à luz ao mesmo tempo e tiveram seus bebês trocados.
Uma das mães, muito pobre,
morre depois do parto. A outra
-vivida por uma Lucinha Lins
rejuvenescida para a cena por
uma peruca loira tipo Chanel com
franja-, riquíssima, casada com
um fazendeiro troglodita, que exige um filho "macho", tem uma
menina, aparentemente morta.
A parteira realiza as trocas e, ao
colocar a menina no berço pobre,
nota que está viva. Dá-lhe então
os brincos de grandes esmeraldas
que recebeu pelo serviço e batiza a
criança. O nome? Esmeralda.
A opção por essa trama tipicamente mexicana está diretamente
ligada ao "orçamento fechado"
do núcleo de produção, não divulgado pelo SBT. "Manoel Carlos [autor da TV Globo] é brilhante, mas muda a história todos os
dias, de acordo com a opinião do
público; é outra realidade de produção, de dinheiro. Já a mexicana
é uma obra fechada, com começo,
meio e fim", diz Jacques Lagoa,
um dos diretores da novela.
Mesmo assim, Lagoa defende a
"brasilidade" de "Esmeralda".
"Ela não tem penteados mexicanas nem os brincos ou colares",
diz o diretor, que esquece a peruca usada por Lins e os brincos de
esmeralda usados pela quase miserável personagem principal, vivida por Bianca Castanho.
O aperto do orçamento é visível
no cenário dos estúdios em que
será filmada a novela. No quarto
principal da fazenda, uma escova
de prata com cerdas delicadas e ar
de antiquário divide a mesma
penteadeira com lixas de unha comumente encontradas em barracas de ambulantes de São Paulo.
Há ainda livros falsos com cara de
novela de época.
O cenógrafo João Nascimento
Filho diz que a "mistura" é uma
maneira de "aproveitar o acervo
da casa e de dar charme à novela".
Já a diretora de arte Denise Dourado rebate e diz que, se tivesse
mais verba, "faria do mesmo jeito", já que a fazenda onde se passa
boa parte da novela "ficou parada
no tempo".
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