São Paulo, domingo, 05 de dezembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TELEVISÃO

Custos "fechados" também explicam escolha por "Esmeralda", oitava produção em parceria com a Televisa

SBT faz remake de novela mexicana que exibiu em 2000

ISABELLE MOREIRA LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL

Bebês trocados minutos depois do nascimento, amores proibidos e uma mocinha sofrida. A história parece familiar? Para os fãs de novelas mexicanas deve ser. Além dos clichês, óbvios para qualquer um, a trama foi conhecida em 2000, quando a novela "Esmeralda", da emissora mexicana Televisa, foi exibida pelo SBT. Graças a um acordo feito entre as duas emissoras, "Esmeralda" agora poderá ser conhecida por mais gente: um remake brasileiro tem estréia marcada para amanhã.
Às 20h30, o telespectador do SBT vai assistir ao drama da menina supostamente órfã, bonita, romântica e cega que quer conhecer o amor. A história começa há 20 anos, quando duas mulheres deram à luz ao mesmo tempo e tiveram seus bebês trocados.
Uma das mães, muito pobre, morre depois do parto. A outra -vivida por uma Lucinha Lins rejuvenescida para a cena por uma peruca loira tipo Chanel com franja-, riquíssima, casada com um fazendeiro troglodita, que exige um filho "macho", tem uma menina, aparentemente morta.
A parteira realiza as trocas e, ao colocar a menina no berço pobre, nota que está viva. Dá-lhe então os brincos de grandes esmeraldas que recebeu pelo serviço e batiza a criança. O nome? Esmeralda.
A opção por essa trama tipicamente mexicana está diretamente ligada ao "orçamento fechado" do núcleo de produção, não divulgado pelo SBT. "Manoel Carlos [autor da TV Globo] é brilhante, mas muda a história todos os dias, de acordo com a opinião do público; é outra realidade de produção, de dinheiro. Já a mexicana é uma obra fechada, com começo, meio e fim", diz Jacques Lagoa, um dos diretores da novela.
Mesmo assim, Lagoa defende a "brasilidade" de "Esmeralda". "Ela não tem penteados mexicanas nem os brincos ou colares", diz o diretor, que esquece a peruca usada por Lins e os brincos de esmeralda usados pela quase miserável personagem principal, vivida por Bianca Castanho.
O aperto do orçamento é visível no cenário dos estúdios em que será filmada a novela. No quarto principal da fazenda, uma escova de prata com cerdas delicadas e ar de antiquário divide a mesma penteadeira com lixas de unha comumente encontradas em barracas de ambulantes de São Paulo. Há ainda livros falsos com cara de novela de época.
O cenógrafo João Nascimento Filho diz que a "mistura" é uma maneira de "aproveitar o acervo da casa e de dar charme à novela". Já a diretora de arte Denise Dourado rebate e diz que, se tivesse mais verba, "faria do mesmo jeito", já que a fazenda onde se passa boa parte da novela "ficou parada no tempo".


Texto Anterior: Outro lado: Ministério nega censura em em portaria
Próximo Texto: Televisão: Scorsese descortina os caminhos do blues
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.