São Paulo, domingo, 05 de dezembro de 2004

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Fritz Lang se lança ao Inferno

Liliom
    
Direção: Fritz Lang
Clássico

Obra esquecida, "Liliom" (1934), único filme francês de Fritz Lang, é uma espécie de elo perdido na história do cinema noir. Especialmente se considerarmos que essa história (genealógica) passa pela migração de cineastas refugiados do nazismo, talentos como Lang, Robert Siodmac, Otto Preminger e Billy Wilder, que se exilaram na Hollywood dos anos 40 depois de fazer escala na Paris dos anos 30.
O poeta (e mito) Antonin Artaud faz uma ponta como amolador de facas cego, espécie de Tirésias a anunciar a descida aos Infernos do feirante Liliom (Charles Boyer) -descida que teria influenciado o "Orfeu" de Jean Cocteau.
As leis que vitimaram o impulsivo Liliom em vida são as mesmas que regem o além: o Inferno de Lang é a noção de justiça humana reproduzida no outro mundo, a perspectiva de um Deus julgador. Lang leva mais longe do que nunca aqui sua crítica à idéia de justiça, recorrente em sua fase norte-americana, mas não deixa de render homenagem à tradição do noir francês dos anos 30, especialmente ao diretor Jean Renoir (de quem refilmaria, já em solo americano, dois longas-metragens). A injustiça que Liliom sofreu em vida se reproduz.
O DVD: os extras trazem notas sobre a produção e biografias da equipe de filmagem. (TIAGO MATA MACHADO)

MAGNUS OPUS, R$ 40, EM MÉDIA.


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