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Fritz Lang se lança ao Inferno
Liliom
Direção: Fritz Lang
Clássico
Obra esquecida, "Liliom" (1934), único filme francês de Fritz
Lang, é uma espécie de
elo perdido na história
do cinema noir. Especialmente se considerarmos que essa história (genealógica) passa
pela migração de cineastas refugiados do
nazismo, talentos como
Lang, Robert Siodmac,
Otto Preminger e Billy
Wilder, que se exilaram
na Hollywood dos anos
40 depois de fazer escala na Paris dos anos 30.
O poeta (e mito) Antonin Artaud faz
uma ponta como amolador de facas cego, espécie de Tirésias a anunciar a descida aos Infernos do feirante Liliom
(Charles Boyer) -descida que teria influenciado o "Orfeu" de Jean Cocteau.
As leis que vitimaram o impulsivo Liliom em vida são as mesmas que regem
o além: o Inferno de Lang é a noção de
justiça humana reproduzida no outro
mundo, a perspectiva de
um Deus julgador. Lang
leva mais longe do que
nunca aqui sua crítica à
idéia de justiça, recorrente em sua fase norte-americana, mas não deixa de render homenagem à tradição do noir
francês dos anos 30, especialmente ao diretor
Jean Renoir (de quem refilmaria, já em solo americano, dois longas-metragens). A injustiça que
Liliom sofreu em vida se
reproduz.
O DVD: os extras trazem notas sobre a
produção e biografias da equipe de
filmagem.
(TIAGO MATA MACHADO)
MAGNUS OPUS, R$ 40, EM MÉDIA.
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