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Arquitetura "ecológica" de Acayaba ganha livro
Publicação, com lançamento hoje, reúne projetos do professor da FAU-USP
Residência Hélio Olga, em São Paulo, com formato diferenciado e estruturas feitas em madeira, é um dos destaques do arquiteto
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
A obra do arquiteto Marcos
Acayaba, 63, finalmente ganha
uma publicação -e ela atesta
que a preocupação de seus projetos com a sustentação ambiental são muito anteriores ao
modismo recente. O lançamento do livro acontece hoje, às
19h, no Centro Universitário
Maria Antonia, em São Paulo.
Além de fotos, o livro conta
com textos de Julio Katinsky e
Hugo Segawa, entre outros."A
sua arquitetura ensina a projetar e a raciocinar por meio da
construção", escreve o colunista da Folha e crítico de arquitetura Guilherme Wisnik.
Professor da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São
Paulo), o paulistano Acayaba
formou-se na faculdade em
1969 e teve aulas com Vilanova
Artigas (1915-1985), um dos
principais nomes da arquitetura brutalista em São Paulo.
"Utilizar e expor a estrutura
da construção em meus projetos é uma das lições que mantive de Artigas. Em meu primeiro grande projeto, a Residência
Milan, é clara essa influência",
avalia Acayaba, ao mostrar a
casa inaugurada em 1972, onde
atualmente mora, no bairro Cidade Jardim. A Folha visitou,
ao lado do arquiteto, três projetos assinados por ele.
"Sempre me falam que a minha casa parece a Casa das Canoas [em São Conrado, no Rio
de Janeiro], do Niemeyer. É
outra forte influência", diz.
O concreto desenhado em
uma grande forma curva, que é
o elemento central da casa, e a
utilização de materiais simples
são alguns dos pontos que
unem o projeto de Acayaba a
seus influenciadores. Mas o arquiteto não faz desses princípios construtivos um receituário engessado.
"A casa é viva,
tem de se transformar. Morando nela, vemos como mudá-la e
deixá-la melhor, mantendo sua
essência", explica.
Entre as mudanças em sua
casa, Acayaba pintou estruturas de concreto e fez uma parede de vidros no andar mais baixo. "Eram coisas que não pensei inicialmente. O concreto
puro pode virar algo triste. E o
andar de baixo ganhou mais
transparência."
O caráter "ecológico" da residência pode ser notado em
suas diferentes temperaturas e
no paisagismo que a cerca, assinado por Marlene Acayaba,
mulher do arquiteto.
"Como Wright [Frank Lloyd,
arquiteto americano] dizia, a
casa tem de ser um lugar luminoso e escuro, quente e frio, seco e úmido, para estimular
quem vive nela. Acho que aqui
há tudo isso", diz ele.
Seu projeto mais famoso é de
1987, a Residência Hélio Olga,
no Morumbi. Num terreno íngreme, ele imaginou uma casa
em formato de "T", com estruturas de madeira e pontes que
unem o nível da rua ao da construção e circundam o terreno.
"Moro nela há cerca de 20
anos e ela se tornou uma extensão da família. Muito antes de
se falar em arquitetura sustentável, ela já tinha sido feita e
funciona perfeitamente", diz o
engenheiro Hélio Olga, 52.
"Uma arquitetura, boa e simples, com uso racional de energia, é algo ecológico", fala.
Já a Vila Butantã, projeto recente de Acayaba, é quase um
"anticondomínio" na São Paulo atual. Com 16 casas de volumes baixos, espaços privados
discretos e uma destacada área
comum, destoa dos bairros
"exclusivos" da cidade. "É uma
resistência ao modo de vida fechado que prospera em São
Paulo", afirma ele.
MARCOS ACAYABA
Editora: Cosac Naify
Quanto: R$ 95 (272 págs.)
Lançamento: hoje, às 19h, no Centro
Universitário Maria Antonia (r. Maria
Antonia, 294, SP, tel. 0/xx/11/3255-7182)
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