São Paulo, quarta-feira, 05 de dezembro de 2007

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Arquitetura "ecológica" de Acayaba ganha livro

Publicação, com lançamento hoje, reúne projetos do professor da FAU-USP

Residência Hélio Olga, em São Paulo, com formato diferenciado e estruturas feitas em madeira, é um dos destaques do arquiteto

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

A obra do arquiteto Marcos Acayaba, 63, finalmente ganha uma publicação -e ela atesta que a preocupação de seus projetos com a sustentação ambiental são muito anteriores ao modismo recente. O lançamento do livro acontece hoje, às 19h, no Centro Universitário Maria Antonia, em São Paulo.
Além de fotos, o livro conta com textos de Julio Katinsky e Hugo Segawa, entre outros."A sua arquitetura ensina a projetar e a raciocinar por meio da construção", escreve o colunista da Folha e crítico de arquitetura Guilherme Wisnik. Professor da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo), o paulistano Acayaba formou-se na faculdade em 1969 e teve aulas com Vilanova Artigas (1915-1985), um dos principais nomes da arquitetura brutalista em São Paulo.
"Utilizar e expor a estrutura da construção em meus projetos é uma das lições que mantive de Artigas. Em meu primeiro grande projeto, a Residência Milan, é clara essa influência", avalia Acayaba, ao mostrar a casa inaugurada em 1972, onde atualmente mora, no bairro Cidade Jardim. A Folha visitou, ao lado do arquiteto, três projetos assinados por ele.
"Sempre me falam que a minha casa parece a Casa das Canoas [em São Conrado, no Rio de Janeiro], do Niemeyer. É outra forte influência", diz.
O concreto desenhado em uma grande forma curva, que é o elemento central da casa, e a utilização de materiais simples são alguns dos pontos que unem o projeto de Acayaba a seus influenciadores. Mas o arquiteto não faz desses princípios construtivos um receituário engessado.
"A casa é viva, tem de se transformar. Morando nela, vemos como mudá-la e deixá-la melhor, mantendo sua essência", explica.
Entre as mudanças em sua casa, Acayaba pintou estruturas de concreto e fez uma parede de vidros no andar mais baixo. "Eram coisas que não pensei inicialmente. O concreto puro pode virar algo triste. E o andar de baixo ganhou mais transparência."
O caráter "ecológico" da residência pode ser notado em suas diferentes temperaturas e no paisagismo que a cerca, assinado por Marlene Acayaba, mulher do arquiteto.
"Como Wright [Frank Lloyd, arquiteto americano] dizia, a casa tem de ser um lugar luminoso e escuro, quente e frio, seco e úmido, para estimular quem vive nela. Acho que aqui há tudo isso", diz ele.
Seu projeto mais famoso é de 1987, a Residência Hélio Olga, no Morumbi. Num terreno íngreme, ele imaginou uma casa em formato de "T", com estruturas de madeira e pontes que unem o nível da rua ao da construção e circundam o terreno.
"Moro nela há cerca de 20 anos e ela se tornou uma extensão da família. Muito antes de se falar em arquitetura sustentável, ela já tinha sido feita e funciona perfeitamente", diz o engenheiro Hélio Olga, 52.
"Uma arquitetura, boa e simples, com uso racional de energia, é algo ecológico", fala. Já a Vila Butantã, projeto recente de Acayaba, é quase um "anticondomínio" na São Paulo atual. Com 16 casas de volumes baixos, espaços privados discretos e uma destacada área comum, destoa dos bairros "exclusivos" da cidade. "É uma resistência ao modo de vida fechado que prospera em São Paulo", afirma ele.


MARCOS ACAYABA
Editora:
Cosac Naify
Quanto: R$ 95 (272 págs.)
Lançamento: hoje, às 19h, no Centro Universitário Maria Antonia (r. Maria Antonia, 294, SP, tel. 0/xx/11/3255-7182)


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