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Brasil atrasa escolhas da 53ª Bienal de Veneza
Faltando meses para a mostra, país ainda não definiu sua representação nacional
Escolha do curador e artistas deveria ocorrer com um ano de antecedência; outros países com o próprio pavilhão já anunciaram curadorias
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil está atrasado na escolha de um curador e dos artistas que devem ocupar o pavilhão do país na próxima Bienal
de Veneza, que começa em junho do ano que vem.
Enquanto boa parte dos países que têm um pavilhão próprio no evento já anunciaram
suas curadorias, nada se sabe
até agora sobre a representação
brasileira, o que leva a um receio do mundo das artes de que
se repita a Bienal do Vazio do
outro lado do Atlântico.
"A gente sempre tem um
atraso fisiológico", lembra Jacopo Crivelli Visconti, curador
da Fundação Bienal de São
Paulo, instituição responsável
pela representação nacional
em Veneza desde 1994.
Representações nacionais
importantes já anunciaram
seus artistas: Shaun Gladwell
representa a Austrália; Mark
Lewis, o Canadá; Claude Lévêque, a França; Miquel Barceló,
a Espanha; Liam Gillick, a Alemanha; Bruce Nauman, os Estados Unidos; Steve McQueen,
a Inglaterra -todos têm o próprio pavilhão nos Giardini ao
lado do espaço brasileiro, que,
aliás, está pedindo reformas urgentes para conter uma infiltração na laje e readequar a rede elétrica insuficiente.
Última hora
"O correto é definir tudo um
ano antes, mas eles avisam a
gente com três meses de antecedência", revela uma pessoa
ligada à produção do pavilhão
brasileiro em Veneza. E não foi
diferente nas quatro últimas
edições da mostra na Itália: artistas foram convidados em cima da hora, tendo pouco tempo
para elaborar seus projetos.
Segundo galeristas dos artistas representados em outras
edições, não há verbas para o
transporte aéreo e sempre houve o risco de que as obras, que
viajam de navio, não chegassem a tempo a Veneza.
"Eles estão atrasados", diz o
curador da atual Bienal de São
Paulo, Ivo Mesquita. "É de novo aquela coisa de, na última
hora, sair correndo."
A situação se arrasta desde
2004, quando foi quebrada a
tradição de que o curador da
Bienal de São Paulo, quando escolhido, faça primeiro o pavilhão nacional em Veneza antes
de assumir a curadoria da mostra no Brasil. No caso, Alfons
Hug havia concluído a 26ª Bienal de São Paulo, mas, como
não havia sido escolhido o próximo curador, acabou tocando
mais uma representação brasileira em Veneza, a de 2005.
O mesmo se repetiu em
2006, quando Lisette Lagnado
concluiu a 27ª Bienal e Ivo
Mesquita ainda não havia sido
eleito curador da Bienal atual.
Numa medida que evitou que
Lagnado fosse a curadora do
pavilhão brasileiro em Veneza,
a Bienal de São Paulo criou o
cargo de curador da fundação,
hoje ocupado por Jacopo Crivelli Visconti, que se encarregou da última representação
nacional em Veneza.
Visconti garante, no entanto,
que não será ele o próximo curador, apesar de não saber
quem fará o trabalho. Ele descarta também a possibilidade
de Ivo Mesquita assumir a representação nacional, embora
ele já tenha feito uma delas.
"O ideal é que o próximo curador da Bienal daqui seja o curador de Veneza, é como a gente gostaria que fosse", diz Visconti. "Estamos atrasados em
relação a alguns países e adiantados em relação a outros",
lembra ele. Nos bastidores, há
pressão do Ministério das Relações Exteriores e do Ministério
da Cultura para que seja indicado logo o curador do pavilhão.
Até agora, no entanto, a expectativa da fundação é que a
definição só venha em fevereiro de 2009, quando faltarão
quatro meses para a mostra.
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