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MÚSICA ELETRÔNICA
Representante do novo electro e cercada por aura de glamour e fama, a DJ e cantora Miss Kittin chega a São Paulo para apresentação única
Madame Hollywood
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO
A quantidade de clichês associados à francesa Caroline Herve, 29,
a Miss Kittin, só não é maior do
que aqueles que dizem respeito ao
Brasil.
É justamente no país da bossa
nova, Pelé e mulatas -na versão
"para turista ver"- que a DJ e
cantora derrubou vários mitos.
Após duas concorridas apresentações no Rio de Janeiro, a francesa toca amanhã para os paulistas
no Lov.e Club & Lounge.
Nome mais conhecido da histeria do novo electro, Herve criou
uma personagem para si com hits
como "Madame Hollywood". Esta última, faixa de Felix da Housecat em que ela participa dos vocais, tornou-se uma espécie de
nome de guerra para Herve, com
um universo que celebra a fama, o
glamour junkie, uma certa arrogância e muito sexo. Facetas que
vão caindo aos poucos. Despretensão e simplicidade têm sido
suas marcas no Brasil.
Quem for à apresentação no Lov.e tem grandes chances de ouvir
hits do "First Album", disco que
reúne faixas compostas com o
parceiro The Hacker -que não
veio ao Brasil- entre 1997 e 2001.
"Ainda não sei como será meu
set em São Paulo, mas vou tocar
coisas que fiz com The Hacker.
Não gosto de repetir essas músicas, mas estou aqui no Brasil para
isso. Será um sacrifício", diz a DJ
em entrevista à Folha, antes de
sua segunda apresentação no Rio.
Para os fãs, uma discotecagem
de Miss Kittin sem "Frank Sinatra" é como um show do Rolling
Stones sem "Satisfaction".
"Acho um pouco egocêntrico
tocar apenas coisas minhas. Prefiro tocar músicas de artistas amigos meus, gosto de promovê-los
mundo afora."
Na tentativa de descrever sua
discotecagem, ela anuncia um set
repleto de altos e baixos, com momentos hard tecno, outros mais
calmos e electro. "Meu set é uma
surpresa para mim mesma, é tudo
muito subjetivo", resume.
Na primeira apresentação no
Rio, na Fundição Progresso, a
cantora teve a performance um
pouco prejudicada pela falta de
um mixer especial que seria acoplado a seu microfone.
"Nessa festa os equipamentos
não estavam do jeito que eu queria, por isso cantei apenas um
pouquinho durante as músicas.
Não consegui controlar o volume
e o eco da minha voz", explica.
Grande parte do carisma de
Herve surge de seu inglês carregadíssimo de um sotaque francês.
Tem, pelo menos, outra marca registrada, a irônica e cruel risada
em "Frank Sinatra".
"Sempre cantava na minha cabeça quando ouvia uma música.
Um dia pensei: "Por que não canto
exatamente o que penso durante
minhas discotecagens?". Foi a partir daí que comecei a usar microfones nos meus sets. Mas só canto
quando tenho todos os equipamentos necessários", diz.
Em São Paulo, ela espera resolver, além dessas questões técnicas, seu problema com grandes
multidões. Se muita gente reclamou que o Lov.e seria pequeno,
com sua capacidade para 500 pessoas, para Herve, trata-se de gente
demais. "Prefiro tocar em lugares
menores e intimistas: é muito
mais família e consigo sentir melhor o público. Lugares grandes
parecem estações de trem."
Vida de festas
Se há algum clichê sobre Miss
Kittin que se confirma, é o culto à
diversão. "Discoteco para mim
mesma, em primeiro lugar. Se estou feliz tocando o que quero, então pode ser que eu faça as pessoas se divertirem também. Tento
me surpreender tocando coisas
que não costumo tocar."
Num modo de vida "carpe
diem", ela está animadíssima com
a possibilidade de tocar em Manaus, apontada por produtores
brasileiros. "A Amazônia é muito
misteriosa para mim. Sou uma
garota da cidade, se você me colocar no meio da selva, provavelmente irei chorar. Quero aproveitar o máximo de minha vida, nunca sabemos sobre o amanhã",
afirma. Para setembro, ela anuncia um disco novo.
Quem quiser chegar no horário
exato de sua apresentação terá
que arriscar: o Lov.e não divulgou
a hora precisa da apresentação. A
casa, que abre à 0h, terá discotecagens das DJs Flávia Carrara, Ana
Flávia, Paula e Eliana Iwasa.
Em tempo: a agência Smartbiz,
responsável pela vinda de Miss
Kittin, anuncia uma possível
apresentação do lendário duo tecnopop Soft Cell no Brasil ainda
neste ano.
MISS KITTIN. Quando: amanhã, a partir
da 0h (não foi divulgado o horário exato
da apresentação). Onde: Lov.e Club &
Lounge (r. Pequetita, 189, Vila Olímpia,
São Paulo, tel. 0/xx/11/3044-1613).
Quanto: R$ 50 (não haverá venda de
ingressos na porta no dia: a entrada
acontecerá somente mediante a
apresentação de ingressos adquiridos
antecipadamente).
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