São Paulo, quinta-feira, 06 de janeiro de 2005

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TELEVISÃO

"Bufo & Spallanzani" é disputado por redes

SBT "fura" a Globo e exibe filme nacional antes; TVs vão à Justiça

DANIEL CASTRO
COLUNISTA DA FOLHA

TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL

O filme nacional "Bufo & Spallanzani", de 2001, não foi nenhum grande sucesso de bilheteria, mas virou alvo de disputa judicial entre as duas maiores redes de TV do país, a Globo e o SBT -que muito raramente veicula cinema brasileiro.
A Globo, que há duas semanas anunciava a exibição do longa na noite de ontem, em seu "Festival Nacional", foi surpreendida na terça-feira pela apresentação do mesmo filme pelo SBT. O SBT não fez nenhuma chamada do longa em sua programação nem o anunciou à imprensa.
Em nota oficial divulgada ontem à tarde, a Globo comunicou o cancelamento da exibição de "Bufo & Spallanzani", que seria substituído por "Bicho de Sete Cabeças", originalmente programado para hoje.
Hoje, deve entrar "Um Crime Nobre", de Walter Lima Jr., telefilme rodado em 2001 com o título de "O Filho Predileto", com a atriz italiana Ornella Muti, inédito.
No comunicado, a Globo anunciou que irá acionar o SBT na Justiça. Mas a concorrente fez isso antes. Na tarde de terça-feira, o SBT entrou com uma ação judicial na 3ª Vara Cível de Santo Amaro. No mesmo dia, obteve liminar lhe assegurando o direito exclusivo de exibir o filme.
Tanto SBT como Globo dizem ter os direitos de exibição em TV de "Bufo & Spallanzani", que tem em seu elenco os globais Tony Ramos, José Mayer e Maitê Proença.
O filme foi distribuído pela Warner. A Warner tem contrato com o SBT pelo qual tudo o que a multinacional distribui no Brasil a emissora tem direitos de exibir em TV aberta. Este é o argumento oficial do SBT.
Já a Globo diz que adquiriu os direitos de exibição do longa, até março de 2009, diretamente da produtora, a Ravina Produções e Comunicações, que pertence ao cineasta Flávio Tambellini, diretor de "Bufo".
A Warner no Brasil não se pronunciou sobre o assunto até a conclusão desta edição. Procurado pela Folha, o diretor Tambellini não quis comentar o caso.
"Bufo & Spallanzani" é um thriller baseado no livro homônimo de Rubem Fonseca. Uma das tramas é a de um funcionário de uma empresa de seguros (José Mayer) que investiga um golpe, mas acaba vítima de uma rede de intrigas que o faz desaparecer.
Quando estreou no cinema em 2001, o público foi de 47 mil espectadores. No mesmo ano, "Domésticas", de Fernando Meirelles, fez 91 mil e "A Partilha", de Daniel Filho, 1,4 milhão.
Sem nenhuma divulgação prévia, a exibição de "Bufo" pelo SBT teve audiência discreta: média de apenas nove pontos, contra 32 da Globo (que exibia o nacional "Avassaladoras").
"Um Crime Nobre", que a Globo exibe hoje no "Festival Nacional", foi uma tentativa da emissora, em 2001, de produzir uma série de telefilmes -filmes exclusivos para a televisão, com orçamento em torno de US$ 500 mil.
A emissora se associou à Columbia (Sony Pictures) e à rede italiana RAI. O projeto não evoluiu, e o telefilme só saiu da gaveta da Globo por causa da confusão, agora, em torno dos direitos para TV de "Bufo & Spallanzani".


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