São Paulo, quinta-feira, 06 de janeiro de 2005

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CRÍTICA

"Dom Um" traz solos de bateria em estéreo

FREE-LANCE PARA A FOLHA

No auge da música popular moderna brasileira, em 1964, Dom Um teve a chance de gravar um disco exatamente como queria. Mas o "boom" do samba-jazz passou rápido, e a oportunidade revelou-se única, o que o encorajou a seguir o caminho de muitos outros músicos geniais e menosprezados pelo mercado: o exterior. Ainda bem que ao menos deixou registrada para a posteridade essa pequena obra-prima, que agora pode ser ouvida por toda uma nova geração.
A sonoridade não é diferente da de discos como "O LP", d'Os Cobras, "Embalo", de Tenório Jr, e "Edison Machado É Samba Novo", com diferentes instrumentos e instrumentistas revezando-se nos solos, sobre arranjos que privilegiam as complexidades harmônicas e melódicas das composições e suas variações rítmicas. A personalidade de Dom Um, com seus tempos divididos entre a caixa e o prato, o samba e o jazz, surge inspirando toda uma big band.
Se Edison Machado era conhecido por fazer "samba no prato" e Milton Banana foi o inventor da batida da bossa, sossegada, Dom Um é a precisão e a firmeza, com sua batida rápida, no contratempo, e sua levada afro-brasileira. Entre improvisações surgem solos de bateria em estéreo mostrando "a arte, a velocidade, a técnica, o balanço e a inconfundível música" do "notável" Dom Um, como diz a contracapa original.
Com a participação de músicos como JT Meirelles e Paulo Moura, o disco traz composições de Tom Jobim, Baden Powell e Roberto Menescal, com solos de piano e sax tenor dignos de qualquer álbum americano de jazz moderno, mas com a bateria do Dom Um fazendo a diferença. (RE)


Dom Um
    
Artista: Dom Um Romão
Lançamento: Dubas
Quanto: R$ 28, em média



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