|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
REMÉDIO CONTRA A CRISE
Ricardo Almeida acredita nas cores
Contra a crise, cores. Na cromoterapia fashion do estilista
Ricardo Almeida, preto e cinza
vão bem, desde que combinados a uma pincelada de vermelho (-sangue?), uma de suas
grandes apostas para o próximo inverno brasileiro.
Verde, roxo e estampas florais também estão na cartela de
cores da coleção outono-inverno 2009 de Almeida, que apresentou suas novas criações na
última terça-feira, em seu ateliê, em São Paulo.
Para o estilista, a crise financeira que está sacudindo o
mundo tem seu lado escuro,
mas é também uma oportunidade para que os criadores mais
espertos encontrem, digamos,
uma luz no fim do túnel. "Como
a maioria das grifes está lançando coleções em preto e cinza, eu investi na cor. Fiz um mix
de clássicos e ousadias pontuais, o que certamente vai
atrair o consumidor que não
gosta de modismos mas quer
alguma novidade", aposta.
Ricardo Almeida é um dos
principais nomes da moda
masculina brasileira, e seus ternos e costumes vestem executivos poderosos, políticos e celebridades televisivas, entre outros endinheirados. O estilista
fez com que muitos abandonassem os antigos ternos amplos e com três botões para investir em peças mais secas, com
corte longilíneo e fechamento
com um ou dois botões -hits
de vendas de sua grife.
A nova coleção mantém blazers e calças bem próximos do
corpo. "Os homens querem
mostrar o resultado da lipo e da
academia", revela Ricardo,
dando pistas sobre as crescentes vaidades de sua clientela.
As novidades incluem calças
sem passantes, gravatas de tricô, novos colarinhos -com
pontas cortadas na horizontal- e a substituição dos coletes pelos cardigãs. "O cardigã é
a minha peça-chave da temporada. Esquenta, não estufa o
terno e é suficiente para invernos leves como o nosso", diz.
Entre os tecidos, muitos deles importados, estão lãs com
cashmere, lãs puras muito leves e veludos finíssimos. "O
destaque é o baby cashmere,
feito com o pelo do animal [a
cabra cashmere] jovem", conta.
Alto custo
Ricardo declara seu otimismo em relação às vendas no
próximo semestre e se recusa a
adotar o discurso-catástrofe
que é o último grito da moda na
Europa e nos EUA. Porém, nem
tudo são flores (e cores).
Os tecidos importados e os
acabamentos sofisticados encareceram os ternos, que atualmente não saem por menos de
R$ 3.000 e chegam a custar R$
13 mil. "As grandes fortunas,
mesmo sofrendo perdas, continuarão poderosas. Essas pessoas vão assimilar os aumentos
e continuarão comprando roupas de alta qualidade", diz.
Para atrair os donos de contas bancárias menos agraciadas, ele acredita no poder de sedução de seu produto. "A grife
Ricardo Almeida é um objeto
de desejo. Quem gosta compra,
nem que seja uma gravata, um
lenço ou uma malha", diz.
O estilista é fã de Tom Ford,
especialmente do trabalho desenvolvido pelo designer americano em seus tempos de Gucci, e, aqui, admira o trabalho de
Oskar Metsavaht na Osklen. "A
Osklen tem uma boa proposta
de moda jovem e trabalha com
uma base comercial forte", diz.
E será que Ricardo Almeida,
o rei da alfaiataria, usa bermudas? "Uso, sim. Costumo comprá-las no exterior ou no setor
de importados da Daslu, mas
não me lembro das marcas."
com VIVIAN WHITEMAN
Texto Anterior: Última Moda: Olha o corte, rapaz! Próximo Texto: Cinema: Berlinale abre seus olhos para produção da África Índice
|