São Paulo, sexta-feira, 06 de fevereiro de 2009

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REMÉDIO CONTRA A CRISE

Ricardo Almeida acredita nas cores

Contra a crise, cores. Na cromoterapia fashion do estilista Ricardo Almeida, preto e cinza vão bem, desde que combinados a uma pincelada de vermelho (-sangue?), uma de suas grandes apostas para o próximo inverno brasileiro.
Verde, roxo e estampas florais também estão na cartela de cores da coleção outono-inverno 2009 de Almeida, que apresentou suas novas criações na última terça-feira, em seu ateliê, em São Paulo.
Para o estilista, a crise financeira que está sacudindo o mundo tem seu lado escuro, mas é também uma oportunidade para que os criadores mais espertos encontrem, digamos, uma luz no fim do túnel. "Como a maioria das grifes está lançando coleções em preto e cinza, eu investi na cor. Fiz um mix de clássicos e ousadias pontuais, o que certamente vai atrair o consumidor que não gosta de modismos mas quer alguma novidade", aposta.
Ricardo Almeida é um dos principais nomes da moda masculina brasileira, e seus ternos e costumes vestem executivos poderosos, políticos e celebridades televisivas, entre outros endinheirados. O estilista fez com que muitos abandonassem os antigos ternos amplos e com três botões para investir em peças mais secas, com corte longilíneo e fechamento com um ou dois botões -hits de vendas de sua grife.
A nova coleção mantém blazers e calças bem próximos do corpo. "Os homens querem mostrar o resultado da lipo e da academia", revela Ricardo, dando pistas sobre as crescentes vaidades de sua clientela.
As novidades incluem calças sem passantes, gravatas de tricô, novos colarinhos -com pontas cortadas na horizontal- e a substituição dos coletes pelos cardigãs. "O cardigã é a minha peça-chave da temporada. Esquenta, não estufa o terno e é suficiente para invernos leves como o nosso", diz.
Entre os tecidos, muitos deles importados, estão lãs com cashmere, lãs puras muito leves e veludos finíssimos. "O destaque é o baby cashmere, feito com o pelo do animal [a cabra cashmere] jovem", conta.

Alto custo
Ricardo declara seu otimismo em relação às vendas no próximo semestre e se recusa a adotar o discurso-catástrofe que é o último grito da moda na Europa e nos EUA. Porém, nem tudo são flores (e cores).
Os tecidos importados e os acabamentos sofisticados encareceram os ternos, que atualmente não saem por menos de R$ 3.000 e chegam a custar R$ 13 mil. "As grandes fortunas, mesmo sofrendo perdas, continuarão poderosas. Essas pessoas vão assimilar os aumentos e continuarão comprando roupas de alta qualidade", diz.
Para atrair os donos de contas bancárias menos agraciadas, ele acredita no poder de sedução de seu produto. "A grife Ricardo Almeida é um objeto de desejo. Quem gosta compra, nem que seja uma gravata, um lenço ou uma malha", diz.
O estilista é fã de Tom Ford, especialmente do trabalho desenvolvido pelo designer americano em seus tempos de Gucci, e, aqui, admira o trabalho de Oskar Metsavaht na Osklen. "A Osklen tem uma boa proposta de moda jovem e trabalha com uma base comercial forte", diz.
E será que Ricardo Almeida, o rei da alfaiataria, usa bermudas? "Uso, sim. Costumo comprá-las no exterior ou no setor de importados da Daslu, mas não me lembro das marcas."

com VIVIAN WHITEMAN


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