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Juiz diz que descobriu arte por meio de Edemar, Naji Nahas e Abadía
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando entrou pela primeira
vez no depósito da rua Mergenthaler, que guardava as obras
da Cid Collections, de Edemar
Cid Ferreira, o juiz da 6ª Vara
Criminal Federal de São Paulo,
Fausto De Sanctis, pensou que
a tela do norte-americano
Frank Stella ali guardada era
uma cortina.
"Até aquele momento, sabia
pouco de arte. Mas quando vi
aquela quantidade de quadros e
esculturas, percebi que precisava me informar", lembra.
Admirado por uns, criticado
por outros, o juiz faz parte de
um grupo de titulares de varas
especializadas em crimes financeiros, e introduziu a prática de alienação antecipada de
bens de condenados.
Depois de apreender e encaminhar a museus sob guarda
provisória a coleção de Edemar, considerada uma das mais
importantes do hemisfério Sul,
De Sanctis deu o mesmo destino às obras do investidor Naji
Nahas e do megatraficante
Juan Carlos Ramirez Abadía.
"No meu entendimento, lugar de obra de arte é no museu",
disse o juiz à Folha.
(FM)
FOLHA - O senhor gosta de arte?
FAUSTO DE SANCTIS - Eu gosto
muito de arquitetura e sempre
gostei de arte, apesar de nunca
ter sido profundo conhecedor.
FOLHA - Seu interesse mudou após
as apreensões de obras pela Justiça?
DE SANCTIS - Totalmente! O
contato com diretores de museus e as explicações que me
eram passadas sobre as obras e
sua importância me fizeram
vê-las com outros olhos. Vi uma
tela de Frank Stella de 16 metros de altura e achei que fosse
uma cortina. Depois que fui entender a importância dessa
obra e também da coleção de
fotografias, que preencheu lacunas do acervo do MAC.
FOLHA - Qual coleção apreendida
mais o impressionou?
DE SANCTIS - Fiquei impressionado com os dois Boteros que o
Abadía tem na Colômbia. E, obviamente, com a coleção do
Banco Santos, que impressiona
também pela dificuldade em
administrar tudo aquilo.
FOLHA - Tem artistas preferidos?
DE SANCTIS - Esses mais modernos aí. O próprio Frank Stella e
o Damien Hirst [artista britânico], que me interessou muito e
cujo trabalho passei a seguir.
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