São Paulo, sábado, 06 de fevereiro de 2010

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Juiz diz que descobriu arte por meio de Edemar, Naji Nahas e Abadía

DA REPORTAGEM LOCAL

Quando entrou pela primeira vez no depósito da rua Mergenthaler, que guardava as obras da Cid Collections, de Edemar Cid Ferreira, o juiz da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, Fausto De Sanctis, pensou que a tela do norte-americano Frank Stella ali guardada era uma cortina.
"Até aquele momento, sabia pouco de arte. Mas quando vi aquela quantidade de quadros e esculturas, percebi que precisava me informar", lembra.
Admirado por uns, criticado por outros, o juiz faz parte de um grupo de titulares de varas especializadas em crimes financeiros, e introduziu a prática de alienação antecipada de bens de condenados.
Depois de apreender e encaminhar a museus sob guarda provisória a coleção de Edemar, considerada uma das mais importantes do hemisfério Sul, De Sanctis deu o mesmo destino às obras do investidor Naji Nahas e do megatraficante Juan Carlos Ramirez Abadía.
"No meu entendimento, lugar de obra de arte é no museu", disse o juiz à Folha. (FM)

 

FOLHA - O senhor gosta de arte?
FAUSTO DE SANCTIS - Eu gosto muito de arquitetura e sempre gostei de arte, apesar de nunca ter sido profundo conhecedor.

FOLHA - Seu interesse mudou após as apreensões de obras pela Justiça?
DE SANCTIS - Totalmente! O contato com diretores de museus e as explicações que me eram passadas sobre as obras e sua importância me fizeram vê-las com outros olhos. Vi uma tela de Frank Stella de 16 metros de altura e achei que fosse uma cortina. Depois que fui entender a importância dessa obra e também da coleção de fotografias, que preencheu lacunas do acervo do MAC.

FOLHA - Qual coleção apreendida mais o impressionou?
DE SANCTIS - Fiquei impressionado com os dois Boteros que o Abadía tem na Colômbia. E, obviamente, com a coleção do Banco Santos, que impressiona também pela dificuldade em administrar tudo aquilo.

FOLHA - Tem artistas preferidos?
DE SANCTIS - Esses mais modernos aí. O próprio Frank Stella e o Damien Hirst [artista britânico], que me interessou muito e cujo trabalho passei a seguir.


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