São Paulo, sexta, 6 de fevereiro de 1998

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Garotas vivem sob pressão

THALES DE MENEZES
da Reportagem Local

"A quantidade de gente que quer ver você cair é muito maior do que aquela que torceu por sua ascensão!", disse há poucos meses Diego Maradona. Se a máxima proferida pelo futebolista argentino for verdadeira, muita gente está esfregando as mãos e salivando freneticamente com o atual momento das Spice Girls.
Parece que as meninas realmente deram sopa para o azar nos passos mais recentes de sua trajetória no planeta pop. Muitos astros já sucumbiram pela superexposição ao público, e as Spice Girls continuam desprezando esse alerta.
Pesquisa recente mostra que cada morador londrino tem contato com as Spice Girls pelo menos sete (!) vezes por dia, seja ouvindo sua música ou vendo a imagem delas na TV ou em produtos que vão de caixas de leite a calculadoras.
No começo, a postura radical de "girl power" das moças conquistou as adolescentes. Depois, foi a vez dos rapazes, que não podiam deixar de ter entusiasmo por cinco cantoras bonitas e gostosas.
Dos filhos aos pais, tudo correu rápido. Até as vovós acham o quinteto uma gracinha. Então, já que todo mundo gosta, o negócio é colocar a cara delas em todos os lugares e faturar horrores.
O raciocínio a seguir era, a princípio, bem simples: completamente tragadas por esse furacão mercadológico, as Spice Girls iriam esquecer a música, lançar álbuns desleixados, perder popularidade e cair no anonimato.
Contrariando os gurus de plantão, o segundo álbum, "Spice World", é uma obra-prima pop, totalmente embebido da matriz negra da Motown. Baladas de arrepiar, músicas dançantes que não deixam ninguém parado.
No entanto, o segundo disco não teve a mesma decolada do primeiro. Isso vai obrigar as meninas a um investimento pesado em uma turnê mundial, de shows para valer -não aquela turnê de divulgação idiota que trouxe o grupo para uma coletiva no Amazonas, em mais um passo equivocado.
Além disso, as Spice Girls parecem estar sofrendo precocemente os efeitos nocivos que a convivência constante provoca em bandas de rock. Duas brigam feio, uma não fala mais com o empresário, que já namorou uma delas e agora namora outra, fofocas, ciúmes...
A futura turnê mundial, para a qual elas ensaiam sem parar, deve ser decisiva para as Spice Girls. Literalmente, ou vai ou racha.



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