Sesc Pinheiros dedica mês às HQs com palestras, oficinas e vídeos

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

Finda a festa momesca, os fãs da chamada "arte seqüencial" -a popular história em quadrinhos, HQ para os íntimos- têm a chance de fazer seu Carnaval particular durante todo o mês de março, graças ao projeto "Lá Vêm as Tiras", do Sesc Pinheiros.
A idéia era aproveitar a estrutura regular de eventos do local (palestras, oficinas, debates, exibições de vídeo) e dedicá-la a um único tema, as HQs. Assim, por exemplo, o "Flerte Literário", um encontro mensal entre o texto literário e outras manifestações artísticas, recebe os cartunistas Adão, Angeli, Glauco e Laerte (todos colaboradores da Folha).
Outro exemplo é o "Acervo de Idéias", encontro que lança discussões a partir de temas presentes nos livros do acervo da biblioteca do Sesc e que recebe, no projeto dos quadrinhos, o autor e desenhista Lourenço Mutarelli (veja programação ao lado).
Mas, fora a presença de artistas consagrados, o que deve realmente atrair o público especializado são as oficinas. Elas não apenas ensinam as técnicas básicas de roteiro e desenho de quadrinhos (para crianças e adultos) como também exploram modalidades diferentes, da fotografia à animação digital em computador, passando pela confecção de fanzines.
E, ao contrário dos desfiles de trios elétricos e escolas de samba, onde só entra quem paga, este Carnaval dos quadrinhos é todo gratuito. O que, aliás, pode ser um problema para os retardatários, já que as vagas são poucas: são cem lugares para cada sessão de debate e de vídeos e de 25 a 15 lugares para cada oficina.
Como todo Carnaval, este também tem sua Quarta de Cinzas: apesar da louvável iniciativa de difundir a arte seqüencial cultivando futuros desenhistas e roteiristas de HQ, falta ao projeto o incentivo maior que é a publicação e distribuição do material produzido. O que o país mais carece nessa área não são talentos a serem desenvolvidos, é espaço para que eles mostrem o que sabem.


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