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"Ressurreição", de Gustav Mahler, abre ano da Osesp
Récitas, de hoje a sábado, têm como solistas a soprano americana Heidi Grant Murphy e a contralto francesa Nathalie Stutzmann
Peça é a mesma com que a orquestra inaugurou a Sala São Paulo, em 1999; músicos concluíram recentemente gravação para selo sueco
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de dois meses e meio
sem se apresentar na Sala São
Paulo, a Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo)
abre hoje a temporada de 2008
com a "Sinfonia nº 2", de Gustav Mahler (1860-1911), a chamada "Ressurreição".
Foi com essa mesma peça,
em cinco movimentos, que a
orquestra -também sob a regência de John Neschling-
inaugurou a sala, em julho
de 1999.
Mahler escreveu a sinfonia
entre 1888 e 1894 e a estreou no
ano seguinte à sua conclusão,
com ele próprio regendo a Filarmônica de Berlim. Ela tem
entre 70 e 80 minutos de duração e exige parte dos metais e
da percussão nos bastidores.
É denominado "Ressurreição" em razão de um poema de
Friedrich Gottlieb Klopstock
(retomado no quinto movimento) que o compositor conheceu em 1894, nos funerais
de Hans von Bülow -um dos
grandes regentes do final do século 19 e primeiro marido de
Cosima, a filha de Liszt que
posteriormente se casaria com
Richard Wagner. Mas isso é
uma outra história.
Mahler considerava a "Ressurreição" -ele, curiosamente,
nunca a designou dessa maneira em seu catálogo- como a
mais representativa de suas
sinfonias. Antes de Mahler
morrer, ela também foi a mais
interpretada entre as nove que
escreveu.
Além da junção de dois corais, o da Osesp e o Paulistano
-ligado ao Teatro Municipal-,
as três récitas trazem duas solistas de prestígio no circuito
mundial da música erudita. São
elas a soprano americana Heidi
Grant Murphy e a contralto
francesa Nathalie Stutzmann.
Grant Murphy, com um timbre encantador de soprano leggero, já foi Sofia em "O Cavaleiro da Rosa", Pamina em "A
Flauta Mágica", e Nanetta em
"Falstaff". Também já foi solista com todas as grandes orquestras dos Estados Unidos e
se apresentou em montagens
líricas em Salzburgo, Frankfurt
e Paris.
Quanto à parisiense Nathalie
Stutzmann, ela deu um agradável susto ao se apresentar em
São Paulo, em 2003, na temporada do Cultura Artística. Dois
anos depois, foi solista da Osesp
em "Alexandre Névski", de Prokofiev. É uma contralto de timbre aveludado, envolvente, sedutor, comprovável nos 60 discos que já gravou.
Respighi e Hindemith
Os músicos da Osesp voltaram de férias já há algum tempo. Permaneceram duas semanas fechados na Sala São Paulo,
em gravações para o selo sueco
Bis, que serão em seguida incluídas no catálogo da editora
brasileira Biscoito Fino.
Gravaram três peças de Ottorino Respighi, entre elas "Os Pinhos de Roma", e outras três de
Paul Hindemith, como "Matias, o Pintor".
A programação de março será intensa. Alguns exemplos: a
"Suíte Antiga", de Alberto Nepomuceno, na semana que
vem; a "Sinfonia nº 3", de Beethoven, nos dias 20 a 22; e, sobretudo, no último programa
do mês, "Ivan, o Terrível", de
Prokofiev -concebido como
trilha sonora para o filme de Eisenstein-, com a maestrina
chinesa Xian Zhang.
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