São Paulo, quinta-feira, 06 de março de 2008

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"Ressurreição", de Gustav Mahler, abre ano da Osesp

Récitas, de hoje a sábado, têm como solistas a soprano americana Heidi Grant Murphy e a contralto francesa Nathalie Stutzmann

Peça é a mesma com que a orquestra inaugurou a Sala São Paulo, em 1999; músicos concluíram recentemente gravação para selo sueco

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de dois meses e meio sem se apresentar na Sala São Paulo, a Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) abre hoje a temporada de 2008 com a "Sinfonia nº 2", de Gustav Mahler (1860-1911), a chamada "Ressurreição".
Foi com essa mesma peça, em cinco movimentos, que a orquestra -também sob a regência de John Neschling- inaugurou a sala, em julho de 1999.
Mahler escreveu a sinfonia entre 1888 e 1894 e a estreou no ano seguinte à sua conclusão, com ele próprio regendo a Filarmônica de Berlim. Ela tem entre 70 e 80 minutos de duração e exige parte dos metais e da percussão nos bastidores.
É denominado "Ressurreição" em razão de um poema de Friedrich Gottlieb Klopstock (retomado no quinto movimento) que o compositor conheceu em 1894, nos funerais de Hans von Bülow -um dos grandes regentes do final do século 19 e primeiro marido de Cosima, a filha de Liszt que posteriormente se casaria com Richard Wagner. Mas isso é uma outra história.
Mahler considerava a "Ressurreição" -ele, curiosamente, nunca a designou dessa maneira em seu catálogo- como a mais representativa de suas sinfonias. Antes de Mahler morrer, ela também foi a mais interpretada entre as nove que escreveu.
Além da junção de dois corais, o da Osesp e o Paulistano -ligado ao Teatro Municipal-, as três récitas trazem duas solistas de prestígio no circuito mundial da música erudita. São elas a soprano americana Heidi Grant Murphy e a contralto francesa Nathalie Stutzmann.
Grant Murphy, com um timbre encantador de soprano leggero, já foi Sofia em "O Cavaleiro da Rosa", Pamina em "A Flauta Mágica", e Nanetta em "Falstaff". Também já foi solista com todas as grandes orquestras dos Estados Unidos e se apresentou em montagens líricas em Salzburgo, Frankfurt e Paris.
Quanto à parisiense Nathalie Stutzmann, ela deu um agradável susto ao se apresentar em São Paulo, em 2003, na temporada do Cultura Artística. Dois anos depois, foi solista da Osesp em "Alexandre Névski", de Prokofiev. É uma contralto de timbre aveludado, envolvente, sedutor, comprovável nos 60 discos que já gravou.

Respighi e Hindemith
Os músicos da Osesp voltaram de férias já há algum tempo. Permaneceram duas semanas fechados na Sala São Paulo, em gravações para o selo sueco Bis, que serão em seguida incluídas no catálogo da editora brasileira Biscoito Fino.
Gravaram três peças de Ottorino Respighi, entre elas "Os Pinhos de Roma", e outras três de Paul Hindemith, como "Matias, o Pintor".
A programação de março será intensa. Alguns exemplos: a "Suíte Antiga", de Alberto Nepomuceno, na semana que vem; a "Sinfonia nº 3", de Beethoven, nos dias 20 a 22; e, sobretudo, no último programa do mês, "Ivan, o Terrível", de Prokofiev -concebido como trilha sonora para o filme de Eisenstein-, com a maestrina chinesa Xian Zhang.


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